O Facebook retirou do ar, nesta quarta-feira (25), 196 páginas e 87 perfis que ajudavam a espalhar notícias falsas na rede social. As contas eram usadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que se popularizou por organizar atos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
De acordo com o “Monitor do debate político no meio digital”, grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo, páginas ligadas ao MBL fazem, em média, 126 postagens por dia e somavam 150 milhões de interações com usuários só no ano passado.
O Congresso em Foco confirmou que as páginas “Jornalivre” e “O Diário Nacional”, que são ligadas ao grupo, foram desativadas.
As páginas tinham mais de meio milhão de seguidores, de acordo com a Reuters. Os administradores manipulavam as páginas para disseminar as mensagens de forma coordenada, como se elas tivessem partido de diferentes veículos.
Em comunicado, o Facebook aponta que as páginas e perfis foram retirados do ar por serem parte de uma “rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”. A nota não identifica nenhuma das quase 300 páginas e contas apagadas da plataforma.
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O Facebook afirma que apenas páginas e perfis que violaram diretamente a política de privacidade da rede social foram excluídas. “Nós não queremos este tipo de comportamento no Facebook, e estamos investindo fortemente em pessoas e tecnologia para remover conteúdo ruim de nossos serviços”, diz a nota assinada pelo líder de Cibersegurança do Facebook, Nathaniel Gleicher (leia a íntegra da nota mais abaixo).
PublicidadeO MBL, por sua vez, afirma que coordenadores do grupo tiveram seus perfis “arbitrariamente” apagados e se diz vítima de perseguição pelo “viés político e ideológico” do Facebook (veja a nota mais abaixo).
Fake news sobre Marielle
Em março, poucos dias após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), um estudo já tinha apontado um site ligado ao MBL como responsável por espalhar uma notícia falsa sobre a vereadora.
No dia 23 de março, menos de 10 dias após o assassinado de Marielle, o jornal O Globo divulgou estudo feito em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), traçando o caminho das fake news de maior repercussão sobre o assunto.
O estudo apontou que um link do site Ceticismo Político com uma notícia falsa sobre a vereadora foi compartilhado mais de 360 mil vezes no Facebook. O texto publicado pelo site teve papel fundamental em espalhar o boato.
“O link foi divulgado no Facebook, e, pouco depois, o Movimento Brasil Livre (MBL) replicou a mensagem, ampliando ainda mais a repercussão”, dizia a reportagem.
No dia 24 de março, O Facebook deletou os perfis identificados como responsáveis por propagar informações falsas. Os perfis de Luciano Ayan e Luciano Henrique Ayan, que administrava a postagem de conteúdo, além da própria página Ceticismo Político, foram retirados do ar.
Leia a íntegra do comunicado do Facebook:
“Garantindo um ambiente autêntico e seguro
Por Nathaniel Gleicher, líder de Cibersegurança
O Facebook dá voz a milhões de pessoas no Brasil, e queremos ter a certeza de que suas conversas acontecem em um ambiente autêntico e seguro. É por isso que nossas políticas dizem que as pessoas precisam usar suas identidades reais na plataforma.
Como parte de nossos esforços contínuos para evitar abusos e depois de uma rigorosa investigação, nós removemos uma rede com 196 Páginas e 87 Perfis no Brasil que violavam nossas políticas de autenticidade. Essas Páginas e Perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação.
As ações que estamos anunciando hoje fazem parte de nosso trabalho permanente para identificar e agir contra pessoas mal intencionadas que violam nossos Padrões da Comunidade. Nós estamos agindo apenas sobre as Páginas e os Perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras.
Nós não queremos este tipo de comportamento no Facebook, e estamos investindo fortemente em pessoas e tecnologia para remover conteúdo ruim de nossos serviços. Temos atualmente cerca de 15 mil pessoas trabalhando em segurança e revisão de conteúdo em todo o mundo, e chegaremos ao fim do ano com mais de 20 mil pessoas nesses times.
Contamos com as denúncias da nossa comunidade a respeito de conteúdos que possam violar nossas políticas e usamos tecnologia como machine learning e inteligência artificial para detectar comportamento ruim e agir mais rapidamente.”
Leia a íntegra da nota do MBL:
Hoje o Facebook admitiu que o motivo para a derrubada não foram as noticias falsas. Ou seja: fake news foi esta reportagem.
Aguardando a retratação do site.
Triste que esse site compre essa balela das fake news, pretexto nada disfarçado para a censura. O único alvo é a direita, o que já deveria ser motivo de desconfiança por parte deste portal. Além disso, as páginas foram derrubadas sem qualquer explicação sobre quais teriam sido as notícias falsas. E o MBL ficou longe de ser o único atingido: páginas de apoiadores de Bolsonaro e Amoedo também foram derrubadas.
Haverá uma CPI para investigar o Facebook e o MPF também já mandou os censuradores do Facebook se manifestarem a respeito do caso.
Enquanto isso, o Congresso em Foco joga sua reputação na lama apoiando o cerceamento à liberdade de expressão.
Fake News agora é o novo pretexto para CENSURA IDEOLÓGICA!
Vai ser duro para a autoestima da ‘inteligência’ brasileira e dos ‘formadores de opinião’ se vier a ser desconfirmada a tese da importância crucial das redes sociais na formação da opinião do eleitor médio ou pouco informado, importância que se tem asseverado ser maior do que a da propaganda na TV. Não acredito nisso, pois a parcela dos internautas que se interessa por eleição é adepta de ‘ouvir a própria voz’, cultivando opiniões in-group ou tribais (‘nós contra eles’). A propaganda na TV aberta afeta o telespectador incauto e distraído, com mensagens subliminares. E não se deve minorar os efeitos ideológicos dos meios de comunicação guiados por interesses empresariais e corporativos inconfessáveis, como fica cada vez mais claro com os ‘noticiários’ e ‘entrevistas’ que têm sido apresentados pelos meios de comunicação empresariais, especialmente nos grandes canais de TV (como é exemplo a entrevista da Manuela, do PCdoB, ao Roda Viva).