A Câmara dos Deputados será palco, nesta sexta-feira (26), de uma discussão inédita na Casa: o papel do Legislativo para uma moda justa, segura e transparente. Esse é o mote da quinta edição brasileira da Semana Fashion Revolution, que começou no dia 22 e segue até o próximo domingo (28) em Brasília e outras 50 cidades brasileiras.
Só no Distrito Federal são oferecidas 33 atividades gratuitas, desde a última terça-feira (23), até o próximo sábado (27). O seminário Revolução da Moda ー Diálogos sobre iniciativas legislativas para a moda consciente será realizado no auditório Freitas Nobre, localizado no subsolo do Anexo IV da Câmara.
Este ano, o movimento Fashion Revolution adota como pilares para o debate “Mudanças culturais, políticas e na indústria”. O seminário discutirá o papel do Legislativo no cenário da moda consciente. O evento, que conta com o apoio do mandato da deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), abordará três temas centrais nesta sexta: racismo na moda; algodão orgânico e agricultura familiar, e trabalho digno na moda.
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O movimento começou em Londres para lembrar o primeiro ano do desabamento de um prédio de oito andares em Daca, capital de Bangladesh, que resultou na morte de 1.127 pessoas em 24 de abril de 2013. O edifício abrigava fábricas de vestuário e um centro comercial. Além do elevado número de vítimas, o caso chamou a atenção por revelar um lado obscuro da indústria da moda, caracterizado por condições precárias de trabalho e até mesmo pela exploração de mão de obra em condições análogas à escravidão.
Veja a programação:
Mediadora: Iara Vidal, representante do Fashion Revolution em Brasília
Publicidade- 9h às 10h
Tema 1 – Racismo na moda
Participação: Deputada Federal Talíria Petrone (Psol-RJ) | Moema Carvalho, professora de Moda e integrante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) e Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual (NUGEDIS) do Instituto Federal de Brasília (IFB) Taguatinga | Kelly Quirino, jornalista, mestre e doutora em Comunicação pela UnB e especialista em estudos étnicos-raciais | Monique Corrêa, designer de Moda, produtora de Moda e diretora-executiva da Chance Creative Agency
– 10h às 11h
Tema 2: Algodão orgânico e agricultura familiar
Participação: Cristina Schetino, professora associada da UnB | Joelcio Carvalho, oficial de projetos do Centro de Excelência contra a Fome do PMA/ONU | Ronaldo Ramos, assessor de política agrícola da Contag | Valdenira Rodrigues, agrônoma consultora da empresa francesa V. Fair Trade que atua junto às associações e cooperativas de algodão orgânico/agroecológico no processo de certificação | Wagner Lucena, biólogo geneticista pesquisador da Embrapa Algodão
– 14h às 15h50
Painel 3: Trabalho digno na moda
Participação: Deputada Federal Érika Kokay (PT-DF) | Renato Bignami, auditor-fiscal do Trabalho e representante do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT) | Renata Coelho, procuradora do MPT-DF
– 16h às 18h
Roda de Conversa Moda e Negócios Inovadores
Participação: Erika Meneses | Ezio Evy | Juliana Garrocho | Lili Brasil | Marina Marques | Romildo Nascimento
Saiba mais sobre a Fashion Revolution, segundo seus organizadores:
“A Semana Fashion Revolution é uma campanha anual que ocorre em mais de 100 países e mobiliza pessoas para atuar por uma indústria da moda mais justa, segura e transparente. Espera-se mais de 275 milhões de participantes ao redor do mundo. Milhares de atividades vão debater a futura indústria da moda, que respeita as pessoas e o planeta com trabalho justo e decente, proteção ambiental e igualdade de gênero.
A sustentabilidade da indústria da moda está cada vez mais sob escrutínio, mas as violações dos direitos humanos, a desigualdade de gênero e a degradação ambiental também continuam abundantes. Pesquisa da Global Slavery Index encontrou 40,3 milhões de pessoas em situação de escravidão moderna em 2016, das quais 71% são mulheres. Os dados mostram que as peças de vestuário estão entre os itens com maior risco de serem produzidos por meio da escravidão moderna.
O assédio sexual, a discriminação e a violência baseada em gênero contra as mulheres são endêmicos na indústria global de vestuário, em que elas representam 80% da força de trabalho global. A produção mundial de têxteis emite 1,2 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano, mais do que os voos internacionais e o transporte marítimo combinados. Estamos produzindo 53 milhões de toneladas de fibras para confeccionar roupas e têxteis anualmente, apenas para aterrar ou queimar 73% dessas fibras.
A Semana Fashion Revolution 2019 encoraja as pessoas a reconhecer o impacto pessoal e valorizar a qualidade em detrimento da quantidade. O debate ocorrerá sob três pilares: mudanças na indústria, culturais e políticas.
Mudanças na indústria
Não é mais possível viver em um mundo onde nossas roupas destroem o meio ambiente, prejudicam ou exploram as pessoas e reforçam as desigualdades de gênero. Este não é um modelo de negócios sustentável. A indústria da moda deve medir o sucesso além das vendas e lucros e valorizar igualmente o crescimento financeiro, o bem-estar humano e a sustentabilidade ambiental. É urgente uma indústria de moda transparente e que se responsabilize pelas suas práticas e impactos sociais e ambientais.
Mudanças culturais
A cada compra, uso e descarte de roupas, é gerada uma pegada ambiental e um impacto nas pessoas que as produzem – na maioria, mulheres. É preciso promover mudanças culturais para um consumo mais consciente e que as pessoas reconheçam seus próprios impactos ambientais e atuem para mudar a cultura da moda.
Mudanças políticas
A transparência e a responsabilidade social e ambiental da indústria global da moda devem estar na agenda governamental de todos os países. Com os regulamentos e incentivos corretos em vigor e devidamente implementados, o governo pode incentivar uma “corrida pelo primeiro lugar”, na qual pessoas e empresas recebam apoio e incentivo para adotar mentalidades e práticas mais responsáveis e sustentáveis.”
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