Elas saíram de uma representação nula, para um protagonismo estratégico na CPI da Covid do Senado. Formada por apenas 13 integrantes, em uma Casa de 81 pares, a bancada feminina precisou lutar para ter direito a voz na comissão que apura ações e omissões do governo federal em uma pandemia que deixou, até o momento, quase 600 mil brasileiros mortos. Para a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) uma “luta gloriosa”, capaz de inaugurar uma nova forma de construir as comissões do legislativo, na qual a presença de mulheres precisará ser respeitada.
“No dia que a gente conseguiu ter um direito a voz, ainda que não tenhamos pedido um direito a voto, a gente viu uma clara rejeição dos colegas. Nossa luta da CPI resultou na nossa participação na comissão e na implantação de um marco da não mais ausência de mulheres em comissões”, comentou a senadora, que logo no primeiro dia da CPI apresentou um requerimento pedindo que as parlamentares mulheres pudessem se manifestar, ainda que no tempo dedicado aos suplentes.
Juntas, as senadoras Eliziane, Simone Tebet (MDB-MS), Leila Barros (Cidadania-DF), Zenaide Maia (Pros-RN), Soraya Thronicke (PSL-MS) e outras integrantes da bancada atuaram em momentos decisivos, como na revelação do nome do líder de governo, Ricardo Barros (PP-PR), como possível articulador do esquema da Covaxin no Ministério da Saúde, principal fio de investigação da CPI.
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Nesta entrevista ao Congresso em Foco, a senadora Eliziane comenta sobre espaço e as mudanças no regimento da Casa para assegurar a presença feminina em todas as comissões que forem instaladas após a CPI da Covid. Uma proposta que deve ser votada em breve pelo Senado torna obrigatória a presença feminina nas CPIs, garantindo inclusive posto de comando.
Com uma fala firme, ainda que em tom calmo, e perguntas que deixam os depoentes desconcertados, Eliziane Gama tem se destacado na comissão e ganhado o respeito dos pares, ao ponto de, não poucas vezes, assumir o posto da presidência da CPI. Ainda durante a entrevista, a parlamentar adiantou os próximos passos da CPI e falou sobre uma eventual abertura de processo de impeachment. “Como tudo que trata do presidente da República, isso também esbarra na Câmara dos Deputados”, disse. “O presidente [Bolsonaro] fez um alinhamento com o chamado centrão então ele tem um alinhamento com o Lira”, completou.
Recentemente a senadora Eliziane Gama foi alçada a titular da CPMI das Fake News, que deve retomar os trabalhos no próximo mês. Na avaliação dela, será uma continuação que, “inevitavelmente” trará efeitos para as eleições de 2022. Indagada sobre uma midiatização dos discursos nas comissões, ela rebate: “Não é criar um fato para combater o presidente, mas ter um fato para combater um crime que é cometido pelo governo”.
PublicidadeConfira os principais momentos da conversa com a senadora Eliziane Gama:
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