Trinta dos 60 deputados e senadores que concorrem a cargos de prefeito e vice-prefeito em 2020 declararam ter menos patrimônio do que na última eleição. O levantamento mostra que ao menos 20 tiveram variações negativas superiores a 10%, e ao menos quatro disseram ter perdido mais da metade do patrimônio os últimos dois anos.
Os dados de patrimônio de todos os deputados e senadores integram o Radar do Congresso, plataforma de dados do Congresso em Foco que traz também informações sobre transparência, governismo, assiduidade, gastos, entre outros.
Para obter os números, o Congresso em Foco apurou as declarações de renda de todos os 69 parlamentares (67 deputados e dois senadores) que concorrem a um cargo no Executivo municipal em 2020, e comparou com os mesmos dados apresentados nas eleições ao Legislativo federal em 2018. Nove parlamentares foram excluídos da lista porque, em 2018, declararam não ter bens.
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Apenas um político – o deputado Professor Joziel (PSL-RJ) – declarou não ter bens em 2018 e 2020. Joziel hoje é candidato em São João de Meriti, na baixada fluminense.
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A deputada Shéridan (PSDB-RR), que concorre a prefeita de Boa Vista, foi a que declarou a maior queda de patrimônio neste intervalo – 64,26%, indo de R$ 3,2 milhões em 2018 para R$ 1,17 milhão em 2020. A deputada não retornou aos contatos do Congresso em Foco, mas pelas prestações de contas é possível apurar que a parlamentar se desfez de carros, de uma casa e também se desfez de empresas nas quais tinha capital a receber.
A mesma razão foi apontada pelo deputado Heitor Freire (CE), o candidato do PSL prefeito de Fortaleza. Questionado sobre uma queda de patrimônio de 52,57%, o deputado afirmou que “desfez a sociedade com o irmão na empresa Lumens Light e teve de saldar dívidas, o que justifica a queda no patrimônio declarado”. O total declarado em 2018, de R$ 1,09 milhão, passou a R$ 517 mil hoje.
A dissolução societária também foi a razão apontada pelo senador e candidato a prefeito em Goiânia Vanderlan Cardoso (PSD-GO) – o que mais perdeu patrimônio em valores brutos, passando de R$ 26,6 milhões para R$ 14,6 milhões. Segundo a assessoria do candidato, a redução ocorreu porque o controle das empresas de Vanderlan, nas áreas de alimentos e empreendimentos, foram transferidos para sua esposa, Izaura.
Dos quase 70 candidatos com cargo no Congresso, apenas três tiveram aumento de patrimônio superior a 100% no período. Em termos porcentuais, Emanuel Pinheiro Neto (PTB), que concorre à prefeitura de Várzea Grande (MT), foi o que teve o maior aumento, de 550% – o valor passou de R$ 40 mil para R$ 260 mil. Uldúrico Junior (PROS-BA), que concorre ao cargo em Porto Seguro, viu seu patrimônio subir 340,2%, passando de R$ 145,5 mil para R$ 640,8 mil.
Ambos foram procurados, mas não foram encontrados pela reportagem. O valor do patrimônio de ambos, apesar do crescimento, não os coloca entre a metade mais rica dos 70 deputados candidatos em 2020.
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) teve uma elevação patrimonial de 108,93% nos últimos dois anos – segundo ela mesma afirma, o patrimônio ter se elevado de R$ 252 mil para R$ 527 mil se deu por uma atualização de bens.
“Vendemos a casa que tínhamos de herança, junto com outras duas irmãs, e comprei um apartamento no lugar”, explicou a deputada, que buscou ressaltar que, por ser pessoa pública, não vê problemas no escrutínio. “E, em termos nominais, é até um valor pequeno, comparado com alguns de meus colegas.”
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Ser paralamentar é um sacerdócio…
É só para abnegados.