Para os parlamentares mais influentes do Congresso, as “declarações infelizes” de integrantes do governo são o principal empecilho à aprovação da pauta prioritária do Executivo no Congresso. Em segundo lugar aparecem as eleições municipais, apontadas como obstáculo por 45,8%, e a pressão de setores econômicos impactados, citada por 41,7%. Essa é a avaliação de 62,5% dos parlamentares mais influentes, de acordo com nova rodada do Painel do Poder, realizada pelo Congresso em Foco em parceria com a agência In Press Oficina.
Pelo rigor metodológico e consequente solidez das informações, a ferramenta tem grande potencial estratégico para quem deseja desenhar cenários políticos e econômicos de curto, médio e longo prazo. O Painel do Poder antecipou, por exemplo, em março de 2019, com grande antecedência, o que terminou ocorrendo com a reforma da Previdência: grandes chances de aprovação, ressalvados os pontos que afinal foram retirados do texto enviado pelo Palácio do Planalto. Também indicou que não havia clima para a aprovação de Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos (ele desistiu da disputa por falta de apoio) e a exclusão de pontos do chamado pacote anticrime.
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Quem contrata o serviço pode receber o relatório completo dos resultados, inclusive por meio de apresentação presencial, e até mesmo incluir perguntas exclusivas no questionário. Saiba mais escrevendo para paineldopoder@congressoemfoco.com.br.
O que a rodada mais recente da pesquisa mostra é que, nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro aumentou sua lista de desafetos e se isolou por causa de declarações que repercutiram negativamente. O presidente tem perdido apoio de parlamentares, governadores, prefeitos e até de militares por ter minimizado várias vezes a gravidade da pandemia e ter convocado a população a voltar às ruas, em pleno desacordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).O isolamento, no entanto, não pode ser atribuído à crise. Antes mesmo de o coronavírus se instalar no Brasil, Bolsonaro já enfrentava grande resistência no Congresso, conforme o último Painel, feito entre os dias 17 de fevereiro e 7 de março.
Os congressistas mais influentes atribuíram nota 2,4 ao presidente, em uma escala de 1 a 5. Uma oscilação negativa de 0,1 em relação com o levantamento anterior, feito em setembro. Onze ministros receberam nota superior à de Bolsonaro. O vice-presidente Hamilton Mourão também viu sua média variar no mesmo período, de 3,1 para 2,8.
PublicidadeOs resultados aqui apresentados são fruto de entrevista com 72 congressistas, todos com influência no Congresso, como líderes partidários, presidentes de comissões e frentes parlamentares e influenciadores. Juntamente com diversos outros dados relativos a temas legislativos e a percepções sobre o cenário político e econômico, a pesquisa foi encaminhada anteriormente a assinantes do serviço. Se quiser receber o relatório completo ou se informar sobre a próxima onda de pesquisa, escreva para paineldopoder@congressoemfoco.com.br. A pesquisa já pautou, entre outros veículos, um dos principais jornais do mundo, o Wall Street Journal (WJS)
O clima político tem se deteriorado para Bolsonaro. O presidente comprou briga com governadores, por se opor à política de isolamento social para conter a disseminação do coronavírus – adotada por eles e preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – e por responsabilizá-los pela crise econômica. Também foi criticado fortemente pelo Congresso tanto por essa posição quanto pela demora na definição de medidas econômicas para socorrer a população mais vulnerável à crise.
>Bolsonaro fica com apenas 4 dos 15 governadores que o apoiaram na eleição
Agricultura e infraestrutura
A nova rodada do Painel levantou outros pontos em relação ao governo. Uma das conclusões da parte política é que as áreas da agricultura e da infraestrutura são as mais bem avaliadas pelos líderes do Congresso, com pontuação de 60,1 e 57,0, respectivamente, para um máximo de 100. Não por acaso os ministros das duas pastas são apontados como os melhores do governo: Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), com média 3,6, e Tereza Cristina (Agricultura), com 3,4 – em uma escala de 0 a 5 pontos. O novato Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) aparece empatado com Tereza na vice-liderança.
Antes do início da crise, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, figurava na terceira posição com média 3,3. Atrás dele, o chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Tarcísio e Tereza já lideravam na rodada anterior, de setembro. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a ser reprovado pelos líderes do Congresso. Com nota 1,7, teve a pior avaliação entre os entrevistados, a exemplo do que ocorrera em setembro.
Veja a avaliação dos ministros
A educação é a área em que o governo tem o segundo pior desempenho, conforme a pesquisa: média de 31, em escala de 0 a 100. Ganha apenas do relacionamento com os movimentos sociais, que alcançou apenas 29,6 pontos. Logo à frente da educação está a relação do governo com o Congresso, com média de 34,6.
Veja a avaliação do desempenho do governo em áreas temáticas
A pesquisa também indica diferença na avaliação de deputados e senadores sobre a atuação do governo. Por exemplo, líderes no Senado consideram melhor o desempenho do Executivo em relação à ciência e tecnologia e à recuperação da confiança do mercado, na comparação com lideranças na Câmara. O inverso, porém, ocorre com a análise das relações exteriores, da educação, do relacionamento com outros poderes, mais positiva entre os deputados.
Políticas públicas
Os líderes fazem seus piores prognósticos para a educação. Para 50% dos entrevistados, o desempenho do governo na área será ainda pior nos próximos 12 meses. Também são elevadas as previsões de piora para os direitos humanos (45,8%), a estabilidade política (43,1%) e o meio ambiente (40,3%). Por outro lado, a infraestrutura (48,6%), a geração de emprego e renda (45,8%) e a agricultura (44,4%) são as áreas em que os congressistas mais influentes depositam esperanças.
Veja a expectativa com as políticas públicas pelos próximos 12 meses
O Painel também ouviu líderes sobre a atuação do governo em áreas específicas. Para a garantia de segurança à população e aos turistas, foi dada média de 2,3. A divulgação das riquezas turísticas do país no exterior, 2,2; e o financiamento de atividades de pesquisa e inovação, 2.
Ferramenta pioneira
Baseado em metodologia científica, o Painel do Poder é uma ferramenta exclusiva e pioneira no Brasil para estudos legislativos, que usa a técnica de pesquisa por painel. Feita a cada três meses, a pesquisa contempla investigações tanto quantitativas como qualitativas, tomando por base uma amostra de líderes de aproximadamente cem parlamentares.
São líderes de partido, líderes temáticos (pessoas que formam opinião em temas-chave), integrantes das mesas diretoras da Câmara e do Senado e presidentes das comissões mais importantes das duas casas. Desta vez, foram ouvidas 77 lideranças, mas cinco entrevistas foram inteiramente descartadas para que a amostra considerada ficasse mais próxima da correlação real de forças do Congresso em termos de região, atitude em relação ao governo e expressão partidária.
Dos 72 líderes considerados, 29% pertencem ao Senado e 71% à Câmara. Declararam-se independentes 44% dos entrevistados. Os autodeclarados oposicionistas somaram 29% e os governistas, 24%. Preferiram não se posicionar 3%.
O que move esse ministro e outros sequazes desse governo é a ideologia do anticomunismo. São defensores dos grandes capitalistas, ou seja, do 1% da humanidade para o qual o capitalismo é ótimo. Não vêem (ou buscam esconder) que o capitalismo é incompatível com a justiça social e a democracia, como diz o guru de Pinochet, o austro-“americano” Friedrich Hayek. E se aproveitam da grande alienação incutida às massas pela ideologia.