A CPI da Covid deve aprovar, na reunião desta terça-feira (6), dois requerimentos que permitirão aos investigadores se valerem de provas já colhidas por outra comissão, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das fake news. Instalada em setembro de 2019 e suspensa desde o início da pandemia, a CPMI investigou a ação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em possíveis esquemas de veiculação de notícias falsas por sites e redes sociais.
Dentre os documentos que podem chegar ao Senado para análise pela CPI da Covid estão provas trazidos pelos deputados federais ex-aliados do presidente Bolsonaro, Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP) no qual são perfis de propagação nas redes e alguns dados enviados por plataformas.
Os dois requerimentos são de autoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Em um deles, o relator da CPI da Covid pede “o compartilhamento das informações obtidas pela CPMI das Fake News acerca dos dados enviados pelo WhatsApp Inc e pelo Facebook Brasil”. No outro, o alagoano solicita que seja autorizada e viabilizada “a cooperação e colaboração da equipe técnica da CPMI das Fake News nos trabalhos da CPI da Pandemia, franqueando o acesso aos autos da investigação e materiais sigilosos”.
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O requerimento também prevê uma troca de informações, de maneira que técnicos da CPMI passariam a ter acesso aos documentos mais recentes da CPI da Covid como forma de subsidiar o trabalho posterior deles.
A troca foi combinada entre as relatorias. Calheiros é relator da comissão que de desenvolve no Senado e a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) relatava a CPMI.
A manobra aponta para um entendimento de que ambas as comissões atuam com objetos de investigação muito parecidos. Enquanto a CPMI das Fake News, com 16 deputados e 16 senadores, analisa um possível braço ligado aos poderes Executivo e Legislativo envolvidos na produção de notícias falsas, os 11 senadores da CPI da Covid apuram erros e omissões na condução da pandemia de covid-19 no país. Em ambos os casos, há indícios da participação direta do presidente Jair Bolsonaro.
A CPMI das fake news não realiza reunião desde o dia 4 de março de 2020, quando recebeu empresários da área de marketing digital que trabalharam na campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República. Ela é presidida pelo senador Ângelo Coronel (PSD-BA) e interrompeu os trabalhos dias depois, ainda em 20 de março do ano passado, após registro dos primeiros casos de covid no Brasil. Atualmente o colegiado depende de uma decisão do presidente do senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para retomar as reuniões.
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