A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou nota nesta quinta-feira (8) em apoio ao presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), alvo de nota de repúdio emitida ontem pelo Ministério da Defesa e pelas Forças Armadas. Os militares se manifestaram após o parlamentar dizer que as Forças Armadas deviam estar “muito envergonhadas” de ter seus membros envolvidos em esquemas de corrupção.
Na nota divulgada ontem, os militares afirmam que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.
Para a ABI, os militares tentam intimidar Omar e a CPI, protegendo suspeitos de envolvimento com corrupção. “Ora, as Forças Armadas são instituições de Estado necessárias a um país soberano. Não interessa a qualquer brasileiro vê-las enxovalhadas. Mas é preciso que se deem ao respeito. Ou elas próprias estarão contribuindo para o seu desgaste”, afirma a associação.
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A organização reforça que não foram feitas quaisquer acusações ao Exército, à Marinha ou à Aeronáutica, e que a comissão está apenas apurando os fatos. “Assim, num momento em que, talvez por corporativismo, os chefes militares tentam intimidar o senador Aziz, todos os que defendem a lisura em relação à coisa pública devem se solidarizar com ele”, diz.
Leia a íntegra da nota da ABI:
ABI é solidária ao senador Aziz
A nota divulgada ontem pelos comandantes militares é lamentável. Foi uma tentativa de intimidar a CPI da Pandemia e seu presidente, o senador Omar Aziz, protegendo militares suspeitos de envolvimento com corrupção.
Note-se que não houve qualquer acusação às Forças Armadas em si. Surgiram apenas nomes de militares isolados e nem mesmo eles foram acusados por Aziz. Simplesmente depoimentos de terceiros trouxeram seus nomes à baila. Como era lógico, a CPI considerou conveniente convocá-los para depor.
Foi o que bastou para que os chefes militares se alvoroçassem.
Ora, as Forças Armadas são instituições de Estado necessárias a um país soberano. Não interessa a
qualquer brasileiro vê-las enxovalhadas. Mas é preciso que se deem ao respeito. Ou elas próprias estarão contribuindo para o seu desgaste.
Não é razoável por exemplo, que, diante da constatação de que o general Eduardo Pazuello participou de um ato político em apoio a Jair Bolsonaro, o Exército aceite a versão de que aquilo não passou de um passeio de motocicleta. E, em seguida, estabeleça sigilo por cem anos (sim, cem anos!) para a publicidade de qualquer investigação sobre o caso.
Isso ajuda a imagem das Forças Armadas? É evidente que não.
É preciso repetir: a CPI da Pandemia não fez qualquer acusação ao Exército, à Marinha ou à Aeronáutica.
Simplesmente está apurando os fatos, que são gravíssimos, trazendo elementos para posteriormente responsabilizar quem cometeu atos de corrupção. Sejam civis ou militares.
Afinal, vivemos numa república. Todos são – ou deveriam ser – iguais perante as leis. Tudo indica que dois grupos disputavam o controle das compras no Ministério da Saúde: um, formado por parlamentares do chamado Centrão; outro, integrado por militares, levados por Jair Bolsonaro e Pazuello.
Não há razão para que se deixe de investigar as acusações num momento em que está claro que a demora na aquisição de vacinas não foi fruto apenas de incompetência. Foi um artifício para, depois, numa situação emergencial, negociar a preços superfaturados com outros fabricantes, com quem se tinha esquemas de corrupção.
Por isso o atraso na aquisição de vacinas. Este crime contribuiu para a morte de mais de meio milhão de brasileiros.
Assim, num momento em que, talvez por corporativismo, os chefes militares tentam intimidar o senador Aziz, todos os que defendem a lisura em relação à coisa pública devem se solidarizar com ele.
É o que faz hoje a ABI, entidade com 113 anos de história em defesa das boas causas do povo brasileiro.
Rio de Janeiro, 8 de julho de 2021
Paulo Jeronimo – Presidente da Associação Brasileira de Imprensa
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