A Aliança Nacional LGBTI+ decidiu ingressar com uma ação civil no Ministério Público de São Paulo contra a emissora RedeTV! e o apresentador do programa “Alerta Nacional”, Sikêra Jr, por crime de homofobia. O movimento acontece no dia internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado segunda-feira (28). Na semana passada, o apresentador associou a campanha publicitária da empresa Burger King apresentando crianças filhas de casais homossexuais à pedofilia.
No programa, o jornalista disparou contra e comunidade LGBTQIA+ e acusou-a de querer “destruir a família”:
“Como está descarado… Não conseguem convencer os adultos, agora viram que o Brasil está bem atento à sacanagem e à covardia, agora querem atacar as crianças. Livrai nossos filhos dessa lacração que não tem pai, não tem família, não tem filho, não reproduz, não procria, não contribui em nada”, disse.
De acordo com o advogado da Coalizão LGBTIA+, Eliseu Neto, um canal aberto não pode servir de palanque para a destilação de ódio e difamação. “Esse senhor é recorrente em suas mentiras, ataques e agressividade”, afirmou.
O presidente da Aliança Nacional LGBTQIA+, Toni Reis, disse ao Congresso em Foco que o apresentador extrapolou todas as regras da civilidade. “Acima de todos nós, está a Constituição Federal. Ele rompe com estes parâmetros. Todos nós somos iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”.
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De acordo com Reis, a denúncia é um gesto de apoio a todas as vítimas de homofobia e do discurso de ódio que incita a violência.
“Ele não matou nenhuma pessoa, mas ele afiou a faca. Ele é um formador de opinião. A Aliança prima pelo diálogo, pelo sentar na mesa para dialogar, mas a partir do momento que rompe a civilidade, é barbárie e nós temos que usar todas as ferramentas que o estado democrático ainda dispõe no nosso país. Somos cidadãos queremos respeito, nem mais, nem menos. Não queremos privilégio, nós queremos nossas vidas e nossa tranquilidade”, disse.
Histórico
Apesar do teor agressivo, essa não foi a primeira vez que o apresentador causou polêmica. Sikêra é alvo de pelo menos outros quatro processos por crimes homofóbicos. Em abril, ele foi absolvido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em um processo contra a modelo transsexual ViViany Beleboni.
No ano passado, Sikêra veiculou de forma indevida no programa que apresenta uma imagem de Viviany quando falava de um crimes cometidos por um casal de mulheres. Na imagem, a modelo representava a crucificação de Jesus na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, em 2019, em protesto pelas mortes de pessoas trans.
Ao vivo, Sikêra Jr. se referiu às pessoas LGBT’s como “raça desgraçada” e afirmou que os homossexuais estariam “arruinando a família tradicional brasileira”.
O presidente da Aliança Nacional disse que a equipe jurídica está preparando um compilado de vídeos em que o apresentador insulta a comunidade.
#DesmonetizaSikêra
Nas redes sociais, o grupo Sleeping Giants Brasil, que ganhou notoriedade na mobilização de internautas contra o financiamento empresarial a veículos que reproduzem fake news, lançou uma nova campanha nesta segunda-feira (28). A hashtag #DesmonetizaSikêra o perfil mostra uma série de declarações preconceituosas do apresentador da RedeTV.
“Já pensou ter um filho viado e não poder matar?”, “Raça desgraçada”, “Vocês são nojentos”, são algumas das falas de Sikêra, ao vivo.
“Ajude-nos a alertar as empresas para que nesse Dia Internacional do Orgulho LGBT façamos mais do que trocar a foto do perfil”, acompanha o vídeo.
“Já pensou ter um filho viado e não poder matar?”
“Raça desgraçada”
“Vocês são nojentos”E QUEM PAGA ESSA CONTA? Ajude-nos a alertar as empresas para que nesse Dia Internacional do Orgulho LGBT façamos mais do que trocar a foto do perfil!✊🏽🏳️🌈#DesmonetizaSikera pic.twitter.com/JfMxXXOQnj
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) June 28, 2021
Apoio no Legislativo
Como forma de marcar o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) apresentou três projetos de lei em defesa da comunidade. As propostas têm por objetivo combater a homofobia e a transfobia no país.
Entre os projetos, está o que veda a discriminação, com base na orientação sexual, de doadores de sangue e sugere punições aos profissionais que tentarem impedir a doação.
“O direito a realizar a doação de sangue precisou, frente à omissão do Congresso Nacional, ser garantido por decisão do Supremo Tribunal Federal, que pode ser revertida conforme a Corte mude seus membros. É necessário que o Senado Federal assuma seu papel constitucional no combate ao preconceito contra a comunidade LGBTQIA+”, afirma Contarato.
De acordo com o senador, a aprovação dos projetos repara erros históricos que perduram ao ódio e a discriminação contra homossexuais na Constituição Federal de 1988.
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