Na primeira entrevista após ser indicado para comandar a Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna negou ao jornal Valor Econômico neste sábado (20) ter sido pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro – autor da indicação – a mudar a política de preços adotada pela petroleira.
A demissão do atual presidente da companhia, Roberto Castello Branco, e a escolha do general para assumir o cargo foram anunciadas um dia Bolsonaro criticar a gestão da estatal e dizer que mudanças viriam em razão dos sucessivos aumentos de preço dos combustíveis.
Em um aceno aos caminhoneiros, que não descartam uma nova paralisação, Bolsonaro também anunciou nesta semana mudanças nos impostos cobrados sobre o diesel e o gás.
A indicação de Silva e Luna ainda precisa ser aprovada pelo conselho administrativo da petroleira. O general do Exército foi ministro da Defesa no governo Michel Temer, de fevereiro de 2018 a janeiro de 2019 e estava no comando da pasta durante a greve dos caminhoneiros. Há quase dois anos, ele é o diretor-geral brasileiro de Itaipu.
“O presidente declarou que jamais iria interferir em uma empresa, declarou de público isso, comigo ele não tratou disso”, afirmou Silva e Luna ao jornal. Sobre o preço do diesel, por exemplo, disse ser preciso observar as “questões sociais”.
“Resumindo: o preço do diesel e da gasolina impacta toda a cadeia produtiva do país. O caminhoneiro está se manifestando, mas a sociedade inteira percebe isso. Isso aí são considerações que têm que ser analisadas junto com o conselho [da empresa], junto com a equipe”, disse ao Valor.
Silva e Luna foi cauteloso nas respostas e ponderou que, como seu nome ainda precisa ser chancelado pelo conselho da Petrobras, tudo o que falar agora poderá interferir na sua aprovação.
> Ex-secretários de Bolsonaro e parlamentares criticam intervenção na Petrobras
> Após intervenção na Petrobras, ministro diz que governo é “100% liberal”
Se não fosse por isso não teria necessidade de trocar.