O presidente Jair Bolsonaro recebeu, na noite desta quarta-feira (10), embaixadores de 36 países de maioria muçulmana. O objetivo do encontro, sediado na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brail (CNA) em Brasília, foi estreitar laços comerciais com os países. A relação ficou estremecida após a aproximação do governo brasileiro com Israel.
Além de Bolsonaro, representaram o governo os ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também esteve no encontro como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O deputado afirmou que o evento “colocou um ponto final em qualquer tipo de dúvida se há um bom relacionamento” do Brasil com a comunidade islâmica.
Eduardo e os ministros foram questionados, mas não responderam sobre os planos do governo para uma possível transferência de embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. A medida,prometida por Bolsonaro desde a campanha eleitoral, é tema sensível na relação entre países árabes e Israel. Segundo os presentes, não se tocou nesse assunto durante o jantar.
Em visita a Israel no mês passado, Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém. A Autoridade Palestina chegou a convocar seu embaixador no Brasil, Ibrahim Alzeben, após a decisão. “Este conflito não é do Brasil”, afirmou Alzeben após o jantar. “Fiquem longe deste conflito e vocês ganharão o mundo inteiro”, aconselhou.
Comércio
As entidades islâmicas no Brasil afirmam que cerca de 1,5 milhão de brasileiros seguem a religião, embora o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponte 35 mil adeptos na população.
Dos 52 países com maioria muçulmana no mundo, 41 têm representação diplomática no Brasil e todos os embaixadores (ou seus representantes) foram convidados. Destes 41, apenas cinco não enviaram emissário ao encontro: Albânia, Benin, Emirados Árabes, Mali e Suriname. O encontro foi marcado para garantir a continuidade dos laços comerciais entre o Brasil e os países islâmicos.
Segundo a CNA, os 52 países no mundo com maioria muçulmana importaram, em conjunto, US$ 16,4 bilhões (R$ 62,7 milhões no câmbio atual) no ano passado, o que significou 15% das exportações do setor, fatia inferior apenas às da China (35%) e da União Europeia (18%) em 2018.
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