Com a demissão da Secretaria-geral da Presidência já decidida pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro Gustavo Bebianno usou sua conta no aplicativo Instagram, na noite da última sexta-feira (15), para publicar um texto destacando a importância da lealdade. De autoria do escritor Edgard Abbehusen, a passagem destaca que “quando perdemos por ser leal, mantemos viva a honra”.
Após idas e vindas nas discussões no Palácio do Planalto nos últimos dias, a demissão de Bebianno foi selada por Bolsonaro na última sexta e deve ser publicada no Diário Oficial da próxima segunda (18). O motivo que determinou a saída foi quebra de confiança: o presidente não gostou de saber que o ministro mostrou, a jornalistas, trechos de conversas entre os dois.
O Congresso em Foco apurou que o governo ainda cogitou dar a Bebianno, como compensação por deixar o ministério, a diretoria da Itaipu Binacional ou até de uma embaixada à escolha dele, o que foi recusado pelo próprio ministro, que não admite ter feito nada de errado. O texto reproduzido por ele no Instagram encerra afirmando que “uma pessoa leal sempre será leal”.
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A alternativa de colocar Bebianno na Itaipu seria, de toda forma, vedada por lei: diretores de estatal não podem ter atuado, nos 36 meses anteriores à nomeação, “como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral”. Bebianno presidiu o PSL e coordenou a campanha de Bolsonaro à Presidência no ano passado.
No Congresso
Para o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), a crise no Planalto não afetará o andamento das reformas de interesse do governo, que devem começar a chegar ao Legislativo na semana que vem.
“Não tem nada a ver. Governo é governo, Congresso é Congresso. Nós vamos continuar o trabalho, para construir a base para aprovação da reforma do mesmo jeito”, garante o parlamentar. O deputado avalia que a questão da confiança foi determinante na decisão de demitir o ministro.
“Defendi a permanência do Bebianno por tudo que ele fez pelo partido durante a campanha. Mas a informação que tenho é que ele perdeu a confiança do presidente, por ter vazado conversas que teve com ele. Eu sou líder do PSL, não sou membro do governo. Se o presidente perdeu apoio de um auxiliar e resolve afastá-lo, tem o meu apoio”, declarou.
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A crise
Presidente nacional do PSL durante a campanha eleitoral a pedido de Bolsonaro, de quem foi advogado, o ministro estava com o emprego ameaçado desde a última quarta-feira (13), quando o presidente disse, em entrevista à TV Record, que Bebianno poderia ter de “voltar às suas origens” caso fosse comprovada a participação dele em alguma irregularidade.
Reportagem do último domingo da Folha de S.Paulo mostrou que o PSL repassou R$ 400 mil a uma candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu 274 votos, quatro dias antes da eleição. O repasse, segundo o jornal, foi feito no período em que o ministro era presidente do partido. Atual presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE) é o grande nome da legenda no estado. Bebianno nega irregularidades nos repasses.
Em nota emitida na última sexta, o ministro garantiu que não teve qualquer participação na escolha das candidaturas do partido em Pernambuco. “Reafirmo que não fui responsável pela definição das candidatas de Pernambuco que foram beneficiadas por recursos oriundos do PSL Nacional”, ressaltou. O ministro disse que tem compromisso com o combate à corrupção. “Reitero meu incondicional compromisso com meu país, com a ética, com o combate à corrupção e com a verdade acima de tudo”, completou.
Eu até acredito que ele tenha ajudado a eleger o Bolsonaro, até porque, ele também tinha interesse nisso, que não ficou muito claro na época das eleições. Agora ficou claro quando ele se aproximou da maior inimiga de Bolsonaro que é a Globolixo, que fez de tudo para derrubar a candidatura de Bolsonaro, mas quanto mais ela tentava, mais o Bolsonaro crescia na opinião pública e com isso, o plano dela foi para o espaço.
É claro que o governo Bolsonaro não deve ser avaliado apenas pela inconseqüência e “impetuosidade”, característica dele (Bolsonaro) e seus filhos. Seu ministério foi muito bem escolhido e isso tranquiliza. No entanto, Bolsonaro precisa ser contido. Ele e seus filhos que, aliás, devem ser afastados, colocados nos lugares aonde deveriam estar (longe do governo!). Bolsonaro, embora Presidente da República, precisa de umas aulas de chefia e liderança. Não quero entrar no “mérito” da questão, mas um chefe nunca deve fazer o que ele fez publicamente com Bebianno.
Imagino que, a essa altura do campeonato, Sérgio Moro deve andar com as barbas de molho. Largou a bem sucedida magistratura na esperança de ser nomeado Ministro do STF daqui a dois anos, certamente nunca imaginando que Bolsonaro e seu filhos seriam assim… E se Bolsonaro brigar com ele (Sérgio Moro)? Sei não…!
Se queixa de deslealdade mas esquece que a desonestidade exposta contamina o Governo.
Se existe coisa mais repugnante do ser humano, esta é a deslealdade! O Ministro foi LEAL e o governo o tratou como um cachorro vira-lata – nem a esquerda tratou tão mal os seus pares
Concordo com o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir. Não tem nada a ver, o Congresso segue trabalhando para fazer as reformas necessárias e este assunto não respinga de forma nenhuma a figura do presidente da República, Jair Bolsonaro.