O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se reúne com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, nesta quarta-feira (18). Um encontro que acontece dois dias depois de ele ter participado de uma reunião com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-PI), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Nos dois momentos, a missão é a mesma: apagar incêndios provocados pelo presidente Jair Bolsonaro que mantém a escalada de ataques contra o judiciário, chegando ao ponto de falar em pedido de impeachment para ministros da suprema corte.
Ciro é um dos principais expoentes do Centrão brasileiro, conjunto de partidos que transita entre os diferentes governos, independentemente de posição ideológica ou bandeira partidária, sob uma autodenominação de “independente”. Tal qual o bloco que integra, Ciro Nogueira é conhecido pelo bom trânsito com os parlamentares das mais diferentes esferas, inclusive, sendo chamado de “amigo”, por muitos deles, numa direção totalmente oposta às bélicas declarações bolsonaristas. Assim, seguindo a linha do Centrão, o ministro tenta construir pontes, se não mais amistosas, ao menos mais calmas entre o Executivo e o Judiciário.
No último final de semana, Bolsonaro anunciou que vai pedir ao Senado Federal a abertura de um processo contra os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. No entanto, conforme apurou o Congresso em Foco, parlamentares próximos afirmam que Pacheco não deve levar os pedidos adiante. Ainda assim, o mal-estar persistiu. Na ocasião, da conversa com Ciro com Lira e Rodrigo Pacheco, o líder do PP insistiu para que eles trabalhem pela união dos poderes, sem dar margens às crises e, assim, ajudem a “acalmar os ânimos”.
Os passos de Ciro
Na segunda (16), Ciro se reuniu com o vice-presidente Hamilton Mourão, em outra tentativa de apagar incêndios provocados pelo presidente Bolsonaro. Desde que assumiu a Casa Civil, em agosto, foi o primeiro encontro dos dois. O assunto da reunião não foi divulgado. Em entrevistas, Mourão disse apenas que trataram de “temas da atualidade”.
Bolsonaro anda chateado com o vice pelo o encontro que ele teve com o ministro Luís Roberto Barroso, um dos articuladores da derrubada da PEC do voto impresso na Câmara.
PublicidadePor mais de uma ocasião, o presidente emitiu críticas em tom de ironia contra Mourão. Em uma delas disse: “vice é como cunhado que você aguenta”. A conversa de Ciro com Mourão aconteceu exatamente quando a PEC foi à votação no plenário da Câmara.
Histórico
Ciro Nogueira foi colocado no governo federal na expectativa de ajudar a manter a base do governo unida no Congresso. Nomeado em agosto, a chegada do deputado piauiense levou a uma dança de cadeiras no Executivo com a recriação de uma pasta abandonada, o Ministério do Trabalho, para abrigar Onyx Lorenzoni (DEM), ex-chefe da Secretária-geral da Presidência da República. O lugar de Onyx foi ocupado pelo até então ministro da Casa Civil, o general Luiz Eduardo Ramos.
Atualmente, o Centrão também possui o comando da Secretaria de Governo, com Flávia Arruda (PL-DF), mas a atuação da parlamentar tem sido mais restrita e ela é vista como um nome de Lira.
A Casa Civil é um dos principais canais do Congresso com o Palácio e responde por toda articulação junto aos ministérios. Segundo pelo perfil do senador. Ao nomeado, Ciro foi apontado pelos deputados e senadores, inclusive de oposição, como como um nome-chave no Legislativo.
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