Gabriela Bernardes *
Semáforo no vermelho. Um saco nem tão vermelho de pipoca doce repousa no retrovisor do lado do motorista. Um bilhete pede uma contribuição de R$ 2. Vidros fechados, rádio e ar-condicionado ligados. O tempo para quem está dentro do carro passa rápido. Para os irmãos Rafael *, 13, e Gabriel *, 14 anos, cada um dos 49 segundos do semáforo na Esplanada dos Ministérios revela uma verdadeira corrida contra o tempo. Corrida que é feita com sandálias que são maiores do que os pés do pequeno vendedor.
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“A gente precisa levar dinheiro pra casa”, diz o mais velho. São 16h. Já se foram três horas de trabalho e faltam mais duas. Os irmãos estão acompanhados do pai, Leandro *, que usa uma blusa que pede a paz no trânsito. Para a família, a indiferença da maioria das pessoas que passam por ali é mais do que notada. A correria é por um corredor de retrovisores cercado de barulhos de motores. O dia é assim. Deixam as pipocas sabendo que na grande maioria das vezes vão ter que buscá-las sem nenhum retorno, nem de moeda nem de olhares. A ajuda dos filhos é essencial para evitar com que dê tempo de resgatar todas as pipocas penduradas nos carros. E os meninos com sorrisos tímidos testemunham: “Quanto mais ajuda para ele (o pai), melhor”. Mas Rafael deixa a timidez de lado para relatar os maus tratos que recebe todos os dias dos motoristas “Tem gente que grita com a gente. São grossos. Falam que não é para colocar no carro deles. Acham que somos qualquer um”, diz Gabriel. “Isso quando não é pior”, completa o irmão.
A realidade de Gabriel e Rafael acontece no centro da capital do país a apenas alguns metros de distância do Ministério do Trabalho. Se venderem todas as pipocas ou não, o caminho para casa é longo. Serão 42 km até chegar em casa na cidade de Águas Lindas (GO). O equivalente a uma hora de transporte público. De domingo a domingo, é assim. A diferença é que de segunda a sexta os irmãos precisam encontrar ânimo para ir à escola pública aonde estudam. Nem sempre as horas de trabalho refletem no faturamento esperado. “Quase sempre não pagam as contas”, afirma Leandro. A compra das pipocas é feita no atacado. Cada saco fechado custa em torno de R$ 14. Eles dizem que o lucro de um dia inteiro de trabalho é em torno de R$ 20 por dia.
PublicidadePara a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ana Maria Villa Real, que atua contra o trabalho infantil, é necessário não só tirar a criança da rua mas dar um apoio pra ela. “A gente tem que trabalhar aquela criança, os pais, ver o que está faltando naquela casa, se é um beneficio de renda, ver se a criança está na escola”.
Um dos grandes aliados para a prevenção do trabalho infantil são os professores das escolas. “É conscientizar o professor porque ele é um dos principais protagonistas na prevenção. Ele tá ali todos os dias com o aluno, sabe dos problemas. E ele tem muitas condições de saber e ajudar”, afirma Ana Maria Villa Real.
A psicóloga Daniela Klavdianos adverte que o cansaço leva um prejuízo no desempenho escolar. “Isso leva, às vezes, até a um quadro de fadiga extrema (…) A criança começa a ser um responsável pela renda familiar, começa a emocionalmente ter a responsabilidade de auxiliar na renda. Começa a ser cobrada de um desempenho de venda e isso gera ansiedade, stress e dependendo da família pode gerar até medo”.
A procuradora explica que uma das grandes causas para não conseguirem dar o apoio necessário para as crianças é crise na assistência social “O problema que todo mundo esbarra é na assistência social. Não tem uma cesta básica para oferecer. Eles estão em greve tem mais de 50 dias então não tem nem cadastramento único. Não tem nada”. A categoria reivindica o aumento salarial que foi concedido em 2013.
Para diminuir o diesel, o presidente Michel Temer anunciou um corte de verbas em vários setores incluindo a fiscalização do trabalho infantil. A capital do país é a única das 27 unidades da federação que praticamente não reduziu a incidência de trabalho infantil entre 2004 e 2015. O número, nesse intervalo, passou de 18.487 para 18.497, conforme levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
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* Gabriela Bernardes é estudante de jornalismo no UniCeub. Reportagem sob a supervisão de Luiz Claudio Ferreira.
Essas crianças são os filhos da esquerda, resultado de uma sociedade decadente e falida moral e economicamente. A grande mídia, a principal fabricante das fake news, é a principal atriz de tudo que há de pior no Brasil, afinal, comeu na mão dos esquerdistas durante mais de duas décadas. Me mostrre um esquerdista e te mostrarei um criminoso. Deveriam estar todos enjaulados, pelo bem da sociedade honesta e produtiva.
Ô a miséria voltou!
A miséria voltou!
E o golpe nem findoou… ô
Puxa, depois de 13 anos do PT no poder ainda subsiste a miséria no país? Também, com lucro recorde dos banqueiros, mensalão, petrolão e empréstimos bilionários a fundo perdido para ditaduras amigas, não sobrou nada para os mais desvalidos além do discurso.
E Gabriela Bernardes: parabéns pela reportagem e por ter conseguido, ainda estudante, publicar um artigo em um site prestigiado como esse. Sempre faça reportagens como essa, investigativas, fora do escritório. Isso faz falta no jornalismo brasileiro.