Mário Coelho
Após renunciar à renúncia, o governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), decidiu tentar passar uma imagem de normalidade dentro do Executivo. Apesar da profunda crise que aflige o governo, a intenção agora é mostrar que as obras não pararam, que os salários continuam pagos em dia, entre outras providências, para evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprove o pedido de intervenção federal feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) na semana passada.
Na próxima semana, Paulo Octávio deve inaugurar duas escolas e dois campos de futebol de grama sintética em regiões administrativas do DF. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira (19) pelo secretário de Comunicação do GDF, André Duda, depois de uma reunião de Octávio com todos os 17 secretários de Estado. “Foi feita uma avaliação do quadro político atual. Cada titular de pasta mostrou o que está acontecendo. A intenção é mostrar que o governo não está parado”, disse o secretário.
Ele disse também que essas ações são para mostrar ao Ministério Público Federal (MPF) que a melhor solução para Brasília, na avaliação de membros do atual governo, é a permanência de Paulo Octávio. “A intenção é mostrar ao MPF que a intervenção é fora de propósito”, disse. Para ele, a atual situação de crise, envolvendo os dois poderes do Distrito Federal não justifica a intervenção na capital do país. “Isso é em um momento onde a população passa por uma grave crise. Esse não é o caso aqui.”
Questionado sobre a renúncia da renúncia de Paulo Octávio, o secretário de Comunicação voltou a dizer que o governador não vai sair do cargo. Primeiro, disse que ele permanece no governo do DF até o momento em que achar que possui apoio para isso. “Ele quer ser um facilitador. Se entender que não tem poder para agregar governabilidade, ele sai”, disse. Depois, afirmou que Paulo Octávio fica até 31 de dezembro. Perguntado novamente, deu outra resposta: “Se o governador Arruda conseguir o habeas corpus, tudo muda”.
André Duda afirmou hoje também que Paulo Octávio deve entregar sua carta de desfiliação ao DEM na segunda-feira (22). Ele conversou ontem (18) com o líder do partido no Senado, José Agripino (RN), e disse que se desligará da legenda.
Ação contra o impeachment
Outra maneira de mostrar uma imagem diferente é convencer os distritais a abandonarem a ideia de tocarem para frente o processo de impeachment contra ele. Para tentar reverter a posição, Paulo Octávio marcou uma reunião com distritais para amanhã (20). Deputados do PT, no entanto, já avisaram que não comparecerão ao encontro. A justificativa é que, o mais importante para a Câmara, é concluir os processos por crime de responsabilidade contra o governador em exercício abertos ontem em tempo recorde.
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