O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) deve ser indiciado pela Polícia Federal no inquérito que investiga irregularidades na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) pelo crime de formação de quadrilha. Também devem ser indiciados pelo mesmo crime o ex-funcionário da estatal Maurício Marinho, o genro de Jefferson, Marcus Vinícius Vasconcelos, o ex-diretor da empresa Antônio Osório, e seu ex-assessor Fernando Godoy.
De acordo com o jornalista Daniel Martins, da TV Globo, o indiciamento deve ser formalizado na próxima semana, quando a PF pretende ouvir o presidente do PTB. Jefferson foi notificado ontem a respeito do depoimento, mas já adiantou que não deve comparecer, alegando ter compromissos já assumidos na Argentina.
Segundo a reportagem, a PF concluiu que está comprovado que o ex-deputado, cassado pelo Congresso em 2005, comandou o loteamento da Diretoria de Administração dos Correios para desviar recursos para o PTB.
Conhecido pelas declarações polêmicas e o jeito despachado de se expressar, Jefferson teria se complicado com algumas “revelações” sobre os interesses do partido nos Correios, feitas em seu livro “Nervos de Aço”, lançado em setembro do ano passado pela editora Top Books.
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Na página 208 de seu livro, Jefferson afirma: "Voltando ao caso dos Correios, é evidente que as nomeações feitas pelo PTB se prendiam, sim, a uma estratégia de captação de recursos eleitorais. Nunca neguei isso. Só que absolutamente nada foi captado para o PTB. Porque a turma do PT corria na frente".
A PF também deve incluir no relatório outro trecho do livro em que ele fala sobre os critérios adotados em processos licitatórios: "O leitor pode se perguntar: mas os fornecedores das estatais não são escolhidos por licitação? São. Mas toda licitação tem critérios objetivos e subjetivos. E aqui afirmo abertamente: se nos critérios técnicos duas empresas empatam, se as duas atendem ao interesse da estatal, acho perfeitamente natural que a escolhida seja aquela mais afinada com o partido representado naquela diretoria. Isso é muito mais justo e democrático do que favorecer sempre as mesmas empresas, vinculadas aos mesmos interesses".
Segundo um investigador ouvido pelo jornalista da TV Globo, os depoimentos de Maurício Marinho, flagrado cobrando propina de R$ 3 mil, também associam Jefferson a um esquema que envolveria fraudes em licitações, extorsões a fornecedores da estatal e renovações contratuais irregulares.
A Justiça Federal determinou o bloqueio dos bens de quatro ex-dirigentes do fundo de pensão Nucleos (estatais nucleares) investigados na CPI dos Correios por suspeitas de terem alimentado o valerioduto. Segundo reportagem de Leonardo Souza na Folha de S. Paulo, a Justiça se baseou em perícia que apontou prejuízo de R$ 28,52 milhões para o fundo, em transações realizadas entre 2004 e 2005.
São alvo da decisão judicial: o ex-presidente Paulo Roberto Almeida Figueiredo, o ex-diretor financeiro Gildásio Amado Filho, o ex-diretor de benefícios Abel Almeida, e a ex-gerente financeira Fabiana Carneiro Castro, que respondiam pelo Nucleos no período investigado.
"Conforme concluiu o perito (…), os títulos públicos foram adquiridos com valor superior ao praticado no mercado (…), sendo que a operação para tal aquisição foi realizada fora dos padrões determinados", escreveu a juíza federal substituta da 22ª Vara Federal, Lilea Pires de Medeiros, ao conceder liminar.
O Nucleos passou a ser investigado pela CPI após uma série de reportagens publicadas pela Folha sobre suspeitas de desvios na fundação supostamente patrocinados pelo ex-secretário do PT e ex-assessor de José Dirceu Marcelo Sereno.
O operador de mercado financeiro Christian de Almeida Rego foi apontado pela CPI como um dos maiores beneficiários das perdas do Nucleos. Ele é primo de Fabiana Castro (ex-gerente financeira) e conhecido de Sereno.
No final de 2005, a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) também considerou que a diretoria passada agiu com "negligência" ao fazer aplicações no Banco Santos que resultaram em prejuízo de R$ 7 milhões.
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