O novo ministro das Relações Institucionais, José Múcio, acredita que o governo tem a maioria do plenário do Senado para aprovar a renovação da CPMF. Mas é uma maioria apertada. “Os dois lados se sentem vencedores”, explicou ele, na tarde de hoje (24), ao Congresso em Foco. “Um erro qualquer pode mudar isso.”
Múcio diz que a arma para convencer a base e até a oposição a aprovarem a continuidade da CPMF será a conversa, muita conversa. “Vamos conversar com todos. Nem todos vão aprovar a CPMF, mas vamos estabelecer um clima”, disse o novo ministro. Ele lembrou que a prorrogação do tributo é apenas “uma batalha” dentre as muitas que terá de enfrentar no Senado, onde o governo não tem maioria folgada, como na Câmara.
Ele minimizou os problemas do PTB e PR, partidos da base com senadores que ameaçam rejeitar a CPMF se não forem atendidos seus pleitos regionais. “É um problema natural de partidos políticos”, avaliou Múcio.
O ministro está em Recife (PE) e volta amanhã (25) a Brasília para retomar o trabalho. Durante a semana, é possível que a oposição pare de desobstruir a pauta e ponha a CPMF em votação, na esperança de ter os votos para rejeitá-la.
Avaliação
“Acho que temos os votos”, calculou hoje o líder do DEM, José Agripino (RN). “Na terça-feira, vamos fazer uma avaliação bem feita disso”, informou. O líder da oposição disse que sua amizade com Múcio, a quem chama de “cavalheiro”, vai permitir a negociação com o governo. Mas isso não muda a disposição de seu partido de votar contra a CPMF.
Além do PR e do PTB, o governo vai ter que negociar com o PDT. O líder da legenda, Jéfferson Péres (AM), quer mais disposição do governo em limitar os gastos correntes do Executivo. “Se o governo se comprometesse formalmente, com um memorando, dizendo que realiza estudos para fazer um projeto de lei para reduzir os gastos, eu me daria por satisfeito”, disse Péres ao Congresso em Foco neste sábado.
“Votaria pela CPMF. Eu enfrentaria a impopularidade”, revelou. Segundo Péres, ele e Osmar Dias (PDT-PR) não se satisfizerem com a limitação de gastos com funcionários, proposta pelo Planalto. Exigem a limitação de outros gastos, como as diárias, passagens, contas de consumo e demais despesas de custeio da máquina.
O líder do PDT lembrou que outros senadores da bancada ainda querem mais. Cristóvam Buarque (DF) pede que os recursos da educação não estejam dentro da renovação da DRU (a Desvinculação das Receitas da União). Na prática, isso significaria mais dinheiro obrigatoriamente gasto no setor de ensino. (Eduardo Militão)
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