“Já vi carros voadores.”
A frase é de Bilal Zuberi. A pergunta que você deve estar fazendo e que também fiz é: quem?
Do auditório em que assisti à sua apresentação, numa das salas do hotel Hilton, no centro de Austin, Texas, ele me parece em primeiro lugar um rapaz muito jovem. O seu perfil no programa do South by Southwest (SXSW) – festival de tecnologia e criatividade que se realiza na cidade texana até o próximo dia 18 – informa que ele é bem mais do que isso. Trata-se de alguém que, além de ter completado o doutorado no conceituado MIT sob a orientação de um químico premiado com o Nobel (o mexicano Mario Molina), possui mais de 30 registros de patentes ou aplicações de patentes. Zuberi divide a mesa com outros três jovens palestrantes que têm em comum o fato de serem investidores de capital de risco. Um deles, Paul Yeh, informa que a sua empresa tem nada menos que US$ 100 milhões para investir em indústria 4.0.
Pausa para os recém-chegados, entre os quais me incluo. Numa definição que talvez soe algo abstrata pra galera da área, suponho ser correto afirmar que a indústria 4.0 é o futuro que já começou a chegar, mas ainda não tomou conta por completo do presente. Uma etapa do processo de produção industrial que reúne ingredientes não tão novos assim – tipo automação fabril, uso intenso de big data e computação em nuvem – e outros mais recentes. Essa miscelânea inclui, para citar apenas alguns exemplos, internet das coisas, realidade aumentada (aquela parada em que você visualiza simultaneamente imagens reais e virtuais), o cada vez mais falado block chain e inteligência artificial. Quer dizer, a substituição de seres humanos por robôs para dar conta de tarefas tão diferentes quanto lavar roupas, cuidar de idosos e crianças, acender a luz quando você chega em casa e um quilométrico etecétera.
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Voltemos a Bilal Zuberi. Os carros voadores, ele explica, ainda estão em fase de testes e vão demorar mais a se tornarem realidade do que supúnhamos no tempo em que curtíamos os Jetsons (eu, que nasci nos 60, curtia; você, talvez não). Tirando o fato de falar rápido demais em inglês para uma audiência em boa parte formada por estrangeiros, Zuberi dá um show. Explica como nesta nova era industrial cientistas e técnicos passaram a dar as cartas, substituindo financistas, administradores e advogados. Fornece dicas espertas pra quem está atrás de grana em busca da concretização de um sonho empreendedor. Apesar disso, ele e o evento que protagonizou diante de umas 200 pessoas são absolutamente periféricos no SXSW.
Sabe por quê? Porque o tal SXSW é muuuito louco. Mais de 5 mil palestrantes e debatedores. Cerca de 75 mil pessoas inscritas, vindas de dezenas de países. Se contar os bares e espaços culturais envolvidos, o troço acontece em mais de 250 locações, várias delas destinadas ao atrativo original do evento, que é a música (saiba mais aqui). Além da concorridíssima conferência, há simultaneamente festivais de cinema, games e de comédia e uma competição entre start-ups da área de tecnologia que rende para cada um dos projetos vencedores US$ 4 mil. Casas e estandes montados pelas principais companhias de tecnologia do mundo. Uma feira em que, além de empresas inovadoras, estão presentes diversos países. Zilhões de palestras, debates, demonstrações de produtos. Salas para reuniões de negócios e mentoria. Festas. Gastronomia. E muita discussão sobre as interseções entre tecnologia e saúde, educação, política, mídia e o que mais você puder imaginar.
#CongressoEmFocoNoSXSW https://t.co/5Evq0memYT
— Congresso em Foco (@congemfoco) 13 de março de 2018
Em meio ao caos encontrei o cientista de computação e investidor Bruno Souza, que tenta vender em Austin o produto que criou na área de arbitragem. Ele também explica quais são as tendências mais fortes do festival em 2018.
#CongressoEmFocoNoSXSW Entrando agora com o co-fundador da startup brasileiros Leegol, Bruno So https://t.co/2zhtz3y7UJ — Congresso em Foco (@congemfoco) 13 de março de 2018
Sobre a Biotecnologia
Tenho visto e ouvido muito mais por aqui e espero contar com a sua companhia da próxima vez. Até.