Renata Camargo
A advogada Patrícia Fukuma, do escritório Fukuma Advogados, negou nesta quarta-feira (22) que seja coautora do projeto de lei do líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), sobre a liberação do uso de sementes estéreis no Brasil. Em nota encaminhada ao site, a advogada afirma que “desconhece as razões pelas quais aparece” o seu nome no documento obtido pela reportagem.
De acordo com o documento, o nome de Patrícia Fukuma consta nas propriedades do arquivo do Projeto de Lei 5575/2009. O documento estava disponível para acesso público na página da Câmara até a publicação da reportagem do Congresso em Foco divulgada hoje (Leia). O nome da advogada estava como a autora do documento.
“Reafirmo que não sou coautora do projeto de lei PL5575/2009, de autoria do deputado federal Cândido Vaccarezza, conforme explicado por mim à jornalista Renata Camargo ao longo de três curtas conversas telefônicas. Desconheço as razões pelas quais aparece o meu nome no documento obtido pela jornalista”, diz.
Em conversa gravada na última segunda-feira (20), Patrícia afirmou que não era a única autora do projeto, mas que deu “alguns pitacos”: “Não é inteiro de minha autoria”.
A gravação contextualizada diz: “Na verdade, isso chegou para mim para eu dar uma olhada no projeto. Eu dei uma olhada e fiz algumas considerações. Eu realmente revi a parte da rotulagem e outras questões. Então não é inteiro de minha autoria. Eu fiz uma revisão, vamos dizer…”, declarou.
Na nota, encaminhada hoje ao site, Patrícia afirma também que não é, nem nunca foi, advogada da Monsanto. A advogada diz que seu nome não figura “em nenhum processo judicial em trâmite atualmente no Brasil e nos quais a empresa é parte”. Em conversa gravada, a assessoria de imprensa da multinacional listou Patrícia como uma das “pessoas que atende a Monsanto em relação a esse tema”. O escritório Fukuma Advogados, por telefone, também confirmou que o grupo atende a Monsanto.
Segundo Patrícia, pode haver algum engano em relação a isso por ela participar de organizações das quais a empresa é associada. A advogada é, por exemplo, conselheira do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), do qual a Monsanto Brasil é associada.
Leia a íntegra da nota:
NOTA AO CONGRESSO EM FOCO
Em relação ao artigo “Projeto de líder do governo é redigido por lobby”, de autoria da jornalista Renata Camargo e publicada em 22/12/2010 no site “Congresso em Foco”, manifesto meu desapontamento e inconformismo com a matéria na medida em que esta não reflete, de forma alguma, as informações passadas por mim à jornalista. Reafirmo que não sou coautora do projeto de lei PL5575/2009, de autoria do deputado federal Cândido Vaccarezza, conforme explicado por mim à jornalista Renata Camargo ao longo de três curtas conversas telefônicas. Desconheço as razões pelas quais aparece o meu nome no documento obtido pela jornalista, uma vez que não sou coautora do projeto. Em relação ao teor do projeto de lei, que trata da tecnologia de restrição de uso (GURT), informei à jornalista que não sou especialista no tema, tendo inclusive indicado o nome de uma outra profissional para que ela entrasse em contato e obtivesse as informações pertinentes. Portanto, não sendo especialista no assunto, não posso ser coautora do projeto em questão. Por fim, esclareço que não sou, nem nunca fui advogada da Monsanto, não figurando em nenhum processo judicial em trâmite atualmente no Brasil e nos quais a empresa é parte. Tenho atuado há muitos anos na área de biotecnologia, defendendo a adoção desta tecnologia no Brasil, por entender que o país tem um arcabouço legal que permite o seu uso de maneira absolutamente segura e responsável.
Atenciosamente
Patrícia Fukuma
Projeto de líder do governo é redigido por lobby
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