Emanuel Medeiros Vieira*
Não se apaixone pelo Poder!
Michel Foucault
A Embasa é a estatal de água da Bahia.
A empresa penalizou a população com um aumento de 13,64%, muito acima da inflação.
Um deputado pediu que o TCE faça uma auditoria na empresa.
A Embasa aumenta abusivamente o preço da água e, ao mesmo tempo, patrocina clubes de futebol e micaretas, como as de Feira de Santana e Camaçari, além de pagar alto o cachê de Daniela Mercury para cantar na festa dos seus 40 anos.
Lembre-se que o governador Jaques Wagner é do PT.
O secretário estadual da Saúde vai para a TV e desanca os profissionais da saúde que estão em greve no Estado.
Os deputados que eram de oposição e que sempre combateram ACM, ficam calados. Desapareceram.
Ou quem sempre apoiou as greves, agora é contra!
Estão no poder!
É sempre assim: com aposentados, professores e outras categorias que deram seus votos a esses deputados.
Os dignos representantes do povo, fogem à sorrelfa (ao dicionário!).
Chega a ser surrealista: o presidente do Sindicato dos Médicos é ligado ao PCdoB,
Aliado do governo. Está à frente da greve.
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Ontem, no jornal da TV Bandeirantes, quem apareceu na tela agradecendo aos médicos que não aderiram ao movimento, foi o superintendente de Atenção Básica da Secretaria da Saúde, também do PCdoB.
Como disse o jornalista Levi Vasconcelos, agora temos o PCdoB do G (do governo) e o PCdoB do C (do contra).
Não, não é só Carnaval, festa ou acarajé.
A Bahia aparece com a maior concentração de pessoas em situação de extrema pobreza (2,4 milhões), conforme o Ministério de Desenvolvimento Social.
A concentração de renda é um problema histórico em território baiano.
Há três séculos que é assim: poucos têm muito e muitos têm muito pouco, destaca o professor Elias Sampaio.
Ele acredita que um dos aspectos levantados pelo estudo da Fundação Getúlio Vargas (que aponta 43% de crescimento na renda da população negra,contra 21% dos brancos, entre 2000 e 2009), pode estar equivocado.
O aumento de 43% pode significar a passagem de pessoas do nível de miséria para o de pobreza. É preciso conhecer os valores de renda em questão, avalia.
É claro que a maior estabilidade na economia brasileira, vivida nos últimos 16 anos, não é o bastante para sanar os problemas decorrentes de três séculos de escravidão.
* Poeta, romancista e contista, nasceu em Florianópolis (SC) em 1945, mas vive na Bahia. Participou de diversas antologias de contos. Estreou com A Expiação de Jeruza, em 1972. Tem romances e contos editados, como Os hippies envelhecidos.