A deputada Bia Kicis (PSL-DF) reconheceu, em entrevista à Folha de S.Paulo, que não pode provar que há fraude no sistema de votação da urna eletrônica. Uma das aliadas mais próximas do presidente Jair Bolsonaro, que alega ter havido fraude em sua própria vitória, Bia é autora da PEC do voto impresso. Bolsonaro, porém, nunca apresentou prova ou indícios de irregularidade para justificar as suspeitas que levanta.
“Eu não vou entrar nesta seara. Sabe por quê? Porque eu não vou falar uma coisa que eu não possa provar. Eu não posso provar que teve fraude. Sabe por quê? Porque o sistema não é auditável”, disse a deputada à Folha.
“O eleitor não tem como provar. Ele só sabe o que ele viu, que o voto dele não apareceu naquela urna. Aí você quer jogar para o eleitor o ônus de provar uma fraude? Isso é uma prova demoníaca. Não tem como. Agora, existem muitos indícios de problemas. Se foi fraude, se foi problema técnico, eu não sei.”
A PEC de autoria de Bia Kicis torna obrigatória a impressão de cédulas em papel nas eleições, plebiscitos e referendos no país. Pela proposta, as cédulas poderão ser conferidas pelo eleitor e deverão ser depositadas em urnas indevassáveis de forma automática e sem contato manual, para fins de auditoria.
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“Eleição no Brasil virou um ato de fé. Você vota e reza para o seu voto ir para o seu candidato”, afirmou a deputada. “A questão é que virou uma contenda, uma guerra. O Parlamento sempre foi a favor do voto auditável. Só que desta vez, a Justiça Eleitoral entrou em campo exatamente para abortar até mesmo o debate. Então, isso é uma coisa muito pouco republicana”, acrescentou.
A PEC do voto impresso está sob análise da comissão especial, mas enfrenta a resistência da maioria dos partidos políticos, que já se manifestaram contra ela. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso também se posiciona contra a medida, argumentando que o sistema eletrônico adotado no Brasil é inviolável e seguro.
PublicidadeBolsonaro tem feito ameaças de que não aceitará uma eventual derrota, em 2022, caso o Brasil não adote o voto impresso. Declarações no mesmo tom atribuídas ao ministro da Defesa, general Braga Netto, suscitaram esta semana uma crise com o Congresso. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a informação de que as Forças Armadas não aceitarão eleições sem voto impresso. O general, porém, negou ter dado a declaração.
Não posso provar que teve fraude nas eleições, diz Bia Kicis, autora da PEC do voto impresso
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