O Observatório Judaico Henry Sobel de Direitos Humanos defendeu a demissão imediata do ministro da Educação, Abraham Weintraub. De acordo com a entidade, Weintraub não demonstrou competência à frente do cargo, destacou-se apenas por “declarações deliberantes e bombásticas” ao longo de mais de um ano de “desastrosa gestão” e “banalizou o mal nazista”.
A entidade repudiou a referência feita pelo ministro à “Noite dos cristais”, episódio violento de perseguição aos judeus ocorrido em 9 de novembro de 1938, ao se referir à ação cumprida pela Polícia Federal no inquérito das fake news na última quarta-feira (27). Como mostrou o Congresso em Foco neste sábado (30), outros representantes da comunidade judaica também condenaram a declaração de Weintraub.
> Judeus se revoltam com comparações ao nazismo feitas por bolsonaristas: “Basta”
“O mesmo Weintraub proferiu grave banalização do genocídio de judeus durante a Segunda Guerra ao equiparar a famigerada Noite dos Cristais a uma operação da Polícia Federal no curso da investigação dos implicados nos crimes de injúria, difamação, calúnia e intimidação através de redes sociais (as chamadas fake news).
O Observatório Judaico também criticou a postura do ministro de se calar diante da Polícia Federal ao prestar depoimento sobre sua declaração de que os ministros do STF deveriam ser presos, conforme mostrou a gravação da reunião ministerial de 22 de abril.
“Ofendeu a muitos. Agora, acuado, destaca-se pelo silêncio enquanto sua pasta está à deriva diante de desafios importantes, como o futuro do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que afeta milhões de jovens brasileiros”, diz nota da entidade. “Por esses motivos, o Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil ‘Henry Sobel’ soma-se às entidades e setores sociais que exigem: fora Weintraub!”
O ministro escreveu no Twitter esta semana, em resposta a críticas feitas por representantes da comunidade judaica, que tem direito de falar no assunto por ser neto de sobreviventes do holocausto.
Observatório Judaico “Henry Sobel” soma-se às entidades e setores sociais que demandam a demissão do ministro da educação
No ato mais recente de sua desastrosa gestão à frente de um dos ministérios mais importantes, o da Educação, o titular da pasta, Abraham Weintraub, até então dos mais falantes, preferiu ficar calado, na sexta-feira, dia 29. Ele prestava à Polícia Federal os esclarecimentos a que está obrigado, por respeito à democracia, por haver, dias antes, afirmado em reunião ministerial: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando pelo STF”.
Quando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, exigiu seu depoimento, esclareceu que a “manifestação do ministro da Educação revela-se gravíssima, pois, não só atinge a honorabilidade e constituiu ameaça ilegal à segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal, como também reveste-se de claro intuito de lesar a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado de Direito”.
O mesmo Weintraub proferiu grave banalização do genocídio de judeus durante a Segunda Guerra ao equiparar a famigerada Noite dos Cristais a uma operação da Polícia Federal no curso da investigação dos implicados nos crimes de injúria, difamação, calúnia e intimidação através de redes sociais (as chamadas fake news).
A absurda comparação com a noite de 9 de novembro de 1938, com saldo de mais de 200 sinagogas incendiadas, cerca de 100 judeus mortos e 30 mil conduzidos a campos de concentração, mereceu o repúdio da Embaixada de Israel no Brasil, do cônsul de Israel em São Paulo, da Confederação Israelita Brasileira (Conib) e do Instituto Brasil-Israel, entre outras entidades.
Weintraub negou-se a uma retratação, dizendo que todas estas entidades, não falam por ele. Em seu delírio, isso lhe daria o direito de seguir banalizando o mal nazista e ofendendo as vítimas e seus descendentes.
E tudo isso em pleno pico da pandemia de coronavírus, com o Brasil escalando o ponto alto do triste ranking do número de mortos, conduzido por um governo que, claramente, faz pouco do perigo da doença e das suas consequências, como faz pouco da democracia.
Um pouco mais de um ano de gestão, Abraham Weintraub destacou-se muito mais por declarações delirantes e bombásticas. Ofendeu a muitos. Agora, acuado , destaca-se pelo silêncio enquanto sua pasta está à deriva diante de desafios importantes, como o futuro do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que afeta milhões de jovens brasileiros.
Por esses motivos, o Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil “Henry Sobel” soma-se às entidades e setores sociais que exigem: fora Weintraub!”
> Acesse de graça por 30 dias o melhor conteúdo jornalístico premium do país
Comunidade judaica errou feio em apoiar um preconceituoso pra presidente, que teve um antepassado lutando pelo lado nazi,
A intensidade das reações bolsonaristas às operações da PF contra Fake News é a certeza de que se mexeu com os alicerces do governo Bolsonaro. As reações iradas e o destempero do presidente dão a medida desse abalo.