O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (25) o nome de Carlos Alberto Decotelli para o cargo de ministro da Educação. Oficial da reserva da Marinha, a nomeação dele representa uma vitória da ala militar na queda de braço pelo comando do MEC. Leia a íntegra da nomeação no Diário Oficial da União.
De acordo com o currículo disponível no site do Ministério da Educação, Decotelli já atuou como professor e coordenador do Jogo de Organizações Militares Prestadoras de Serviços (OMPS) na Escola de Guerra Naval, no Centro de Jogos de Guerra
O novo ministro participou da equipe de transição do governo de Michel Temer (MDB) para o de Jair Bolsonaro, que funcionava no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília (DF), no final de 2018.
Decotelli já havia ocupado o cargo de presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) na gestão Bolsonaro.
Ele foi nomeado para o FNDE pelo então ministro Ricardo Vélez e ficou no cargo até agosto de 2o19. Saiu para acomodar o advogado Rodrigo Dias, indicado pelo ex-ministro das Cidades e atual secretário de Transportes de São Paulo, Alexandre Baldy (PP), e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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Carlos Alberto Decotelli é financista, autor de livros e professor. Realizou pós-doutorado na Bergische Universitãt Wuppertal, na Alemanha; é doutor em administração financeira pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina; mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/EBAPE; MBA em administração pela FGV/EBAPE/EPGE e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
Decotelli deu aulas na matéria de Economia Empresarial em um MBA de Gerenciamento de Projetos na FGV, em Curitiba (PR), no ano passado. Visto como humilde e bom professor pelos alunos, o ministro costumava os chamar de “autoridade” e “xerife”. Sobre política, Decotelli não emitia opiniões, ainda assim, seus alunos posaram para foto ao seu lado fazendo “arminhas com as mãos”.
O deputado João Campos (PSB-PE), coordenador da Comissão Externa do Congresso que acompanha o Ministério da Educação, comentou a escolha do novo ministro:
“Faço oposição ao governo Bolsonaro, mas sempre trabalharei pela educação pública brasileira. Por isso desejo uma boa gestão para o novo ministro da educação, Carlos Alberto Decotelli. Que tenha pulso para desfazer os estragos feitos por seus antecessores. E que passe distante das maluquices dos discípulos de Olavo de Carvalho, que ocupam cargos altos no MEC. Por fim, como coordenador da Comissão Externa do MEC na Câmara dos Deputados, ressalto que vamos fiscalizar os atos do novo ministro com o mesmo rigor de sempre”, afirmou.
O deputado Israel Batista (PV-DF), secretário-geral da Frente Parlamentar da Educação, afirmou que Decotelli é mais próximo do Poder Legislativo que seus antecessores:
“O novo ministro da Educação tem boa articulação com o Congresso e entende a importância e urgência da aprovação do Fundeb para educação. Mesmo assim, penso que Decotelli terá muita dificuldade com a ala olavista encastelada no Ministério da Educação, que insiste nos assuntos polêmicos e não consegue focar e discutir as políticas públicas importantes e essenciais para o ensino brasileiro.”
Ligação com Haddad e Doria reduziu chances de outros candidatos
Abraham Weintraub saiu do comando do MEC há uma semana e o ministério estava sob o comando interino de Antônio Paulo Vogel, secretário executivo do MEC.
O próprio Vogel era um dos cotados para ser ministro. Além dele, eram avaliados nomes como o do secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, e Sérgio Sant’ana, assessor especial do MEC.
Nesta semana, o presidente chegou a se reunir com alguns candidatos, como Renato Feder, cuja indicação era bem avaliada pelos partidos do Centrão.
No entanto, o secretário, que foi o maior doador da campanha municipal de 2016 de João Doria (PSDB), não era bem visto pela “ala ideológica” do governo ligada ao escritor Olavo de Carvalho.
Outra opção avaliada era deixar Vogel no comando do MEC, mas o nome dele também provocou insatisfação na “ala ideológica” por ter sido secretário adjunto de Finanças na gestão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de São Paulo.
O grupo ligado a Olavo de Carvalho defendia a nomeação de Nadalim como ministro. Eles também viam com bons olhos o nome de Sérgio Sant’ana, mas já admitiam dificuldades na nomeação por conta da falta de experiência dele na área.
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