Não é de hoje que estamos assistindo a um show de indisciplina e delinquência na política, muitas delas, facilmente evitadas se Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados do Brasil funcionasse devidamente.
De todas as instituições brasileiras, a única que realmente está fraca e fragilizada é o Conselho de Ética da Câmara. Deveria ter punido todos os Bolsonaros por cada barbaridade dita em plenário. Desde a defesa de organizações criminosas, até exaltação de torturadores.
O Brasil seria um país muito mais desenvolvido se essa importante instância atuasse.
Não precisamos de operações escalafobéticas, procuradores e juízes com pose de popstar, precisamos é que a política resolva os seus problemas com a política. E é a omissão deste importante conselho que permite que outros poderes extrapolem a sua atuação ou tentem tutelar a política (militares e Ministério Público).
Por qual motivo estou falando isso?
Neste domingo (03) a jornalista Miriam Leitão publicou uma coluna falando sobre o erro da terceira via em comparar Lula com o delinquente Jair Bolsonaro (algo que também comentei aqui). É claro que o artigo incomodou a família que se comporta feito uma quadrilha no Palácio do Planalto.
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Eduardo Bolsonaro então respondeu com a seguinte publicação no twitter:
Ainda com pena da 🐍 … pic.twitter.com/4DLVBtIPZI
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) April 3, 2022
Miriam Leitão, assim como outras dezenas de brasileiras, foi torturada grávida e mantida presa com uma jiboia numa sala escura por horas. Uma ação feita por nossos valentes e valorosos militares contra uma mulher grávida.
E foi com essa desumanidade que o filho do presidente da República decidiu fazer graça. Só provou o ponto dela e da sua coluna.
É uma gente incompatível com a democracia e a civilidade.
O Conselho de Ética
E é aí que entra o Conselho de Ética da Câmara, que, em 2016, não puniu Jair Bolsonaro, que exaltou o criminoso coronel Carlos Brilhante Ustra, acusado de ter torturado Dilma Rousseff, que era alvo do processo de impeachment e sobre o qual Jair Bolsonaro estava discursando.
Em 2003, Bolsonaro discursou elogiando grupos de extermínio da Bahia, em 2019, o mesmo Eduardo que faz chacota com a tortura de mulheres grávidas, também atentou contra a democracia ao sugerir, durante uma entrevista, a adoção de um novo AI-5.
Todos os casos passaram de forma impune, seja os atentados contra a democracia ou apologia ao crime.
Para se ter uma ideia, o Conselho não puniu nenhum transgressor entre 2016 e o primeiro semestre 2021.
Esse tipo de coisa corrói a democracia e a institucionalidade, não só pela omissão a comportamentos delinquentes, mas também em no cotidiano da política e da sociedade.
O que vimos durante toda a pandemia de covid-19 no Brasil foi algo horroroso. Parlamentares induzindo a população ao erro, disseminando notícias falsas, promovendo curandeirismos e todo o tipo de descalabro possível. Isso sem qualquer tipo de punição.
Na época do feriado de 7 de setembro de 2021, outro show de delinquência, deputados e mais deputados insuflando setores da sociedade a se levantarem contra a democracia, contra o processo eleitoral e contra o Estado Democrático de Direito tudo também sem a devida punição.
É óbvio que isso terminaria com um deputado zombando de uma mulher que foi barbaramente torturada enquanto estava grávida.
Me pergunto onde estão figuras como Damares e Carla Zambelli, autoproclamadas defensoras da vida e contra o aborto, para se pronunciarem sobre esse caso absurdo?
Principalmente Damares e os grupos que lhe orbitam e que atuaram para infernizar a vida de uma criança de dez anos, vítima de um abuso sexual e que, por conta disso, engravidou de seu agressor, optando pelo abordo do feto.
Será que vão acampar na porta do Conselho de Ética para fazer ações de intimidação, assim como fizeram no hospital onda a criança buscava ajuda? Acho difícil, caráter e coerência nunca foi o alvo dessa gente.
Eduardo acabou por confirmar o que Miriam escreveu em sua coluna. Nem o PT, nem o Lula zombaram com a dignidade humana de qualquer um.
Já Eduardo Bolsonaro fez questão de fazer o que fez. É aí que fica claro que o discurso da terceira é um delírio. Lula e Jair não se comparam.
Diferente de Damares, Carla ou outras figuras abjetas da nossa sociedade, me solidarizo com a jornalista Miriam Leitão, com quem nem sempre concordo. O mais importante de tudo é que concordamos no mais importante: o verdadeiro respeito à vida, a defesa da democracia e o amor pelo Estado Democrático de Direito.
Gostaria de saber qual seria a reação do Eduardo se sua esposa, Heloísa, fosse sequestrada e torturada, enquanto ainda estivesse com sua filha, Geórgia, na barriga. Espero que o deputado nunca precise passar pelo que o alvo de sua chacota viveu.
Principalmente com o fato de haver um imbecil fazendo chacota com a sua dor.
Para Miriam, meu mais profundo carinho, para os canalhas e vagabundos, desprezo.
Pegando gancho no artigo dela, questiono:
Quando a terceira via vai abandonar a desonestidade intelectual e o discurso vazio de polarização? Se há alguma polarização, está entre aqueles que defendem o Estado Democrático de Direito e aqueles que zombam de vítimas de crimes atrozes.
Ao que tudo indica, até o momento a terceira via não está disposta a abandonar o discurso. Infelizmente, ela só irá existir até o dia 2 de outubro de 2022.
Depois disso, se tornará bolsonarismo diet com limão?
Em tempo – para que não passe despercebido
Notem que nenhum desses nomes da terceira via sequer começou a trabalhar e montar seus palanques nos estados, nenhuma aliança, nenhum nome forte, nada que marque presença. Certamente, se não fosse a insistência de alguns membros da imprensa, passariam despercebidos.
Hoje a terceira via disputa as eleições assim como o seu irmão mais novo jogava videogame com você… Mas com o controle desligado!
Moro disse que jamais iria dividir palanque com o Arthur do Val depois das falas sobre as ucranianas. Agora os dois estarão, juntinhos, em SP disputando as vagas de deputado federal pelo União Brasil.
Moro deve estar desorientado com o que aconteceu. Ele realmente achou que conseguiria mais dinheiro para a campanha presidencial no União Brasil (ou nova UDN)
ACM não chegou nem perto de sair do partido, a última nota jogando uma pá de cal nas ambições de Moro foi assinada por Bivar e ACM.
Bivar quer usar Moro como bucha de canhão contra os puxadores de voto bolsonaristas como o próprio Eduardo. Agora entenderam por que Moro não vai sair deputado pelo Paraná?
Para disputar o Legislativo ele não precisaria mudar de domicílio eleitoral, nem no UB, nem Podemos. Prestem a atenção na exigência do UB em ele disputar em SP.
Bivar quer se vingar dos bolsonaristas usando Moro. Moro foi enrolado pelo Bivar ou se enrolou sozinho.
Há quem acha que Moro iria tentar fazer no UB o que Leite faz no PSDB. Achou que tinha a ala bivarista para bancar a escaramuça, agora está sozinho.
Inclusive, foi convidado a se retirar por quem chamou ele para o partido.
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