Deu no Painel Político da edição dominical da Folha de S. Paulo:
“A pedido do ex-presidente Lula, o PT está criando núcleos evangélicos nos estados para tentar acessar essa fatia do eleitorado fiel a Jair Bolsonaro. Assim que deixou a prisão em Curitiba, o petista disse a aliados que o partido precisava ‘aprender com os pastores’. Segundo relatos, Lula disse que ‘eles falam bem e o que as pessoas querem ouvir’.
>Lula e Bolsonaro perdem para Moro em ranking de confiança
O pastor Daniel Elias, da Assembleia de Deus no Rio e que participa do movimento do PT, admite que a articulação enfrenta dificuldades. ‘O grupo ligado à direita chegou primeiro e fidelizou, usando a linguagem do crente, citando a Bíblia. Embora haja evangélicos que não gostem de Bolsonaro, eles estão calados.
Leia também
A avaliação de petistas é que conversas com as cúpulas das igrejas estão fadadas ao fracasso —a maioria se alinhou a Bolsonaro. Mas é possível abrir diálogo com as bases. Eles creem que há espaço para mostrar aos evangélicos, principalmente aos que vivem nas periferias, que há valores em comum com a sigla”.
PublicidadeO PT pode ter valores em comum com esses vendilhões do templo que mesmerizam os desesperados, arrancando até seu último centavo e incutindo-lhes o culto ao bezerro de ouro.
A esquerda, decididamente, não! Ou existe para apontar ao povo os caminhos da verdadeira libertação, que nada mais é do que a superação do capitalismo, ou se torna tão execrável e nefasta quanto a direita.
Lula, formado na ambiência do coronelismo nordestino e reformatado pelo sindicalismo de resultados do 1º mundo, é um populista nato e um reformista convicto.
Então, depois de domesticar o PT, minando sua combatividade e solapando a moral revolucionária que teria evitado os mares de lama catastróficos para o partido, agora acredita que a volta por cima exija a equiparação com as mais sórdidas alianças firmadas pelo inimigo de classe.
Não, a esquerda terá de se reconstruir sem dízimos e sem boquinhas, porque precisa, acima de tudo, recuperar a credibilidade que os conciliadores de classe jogaram no lixo, levando o povo a crer que os políticos, sem exceção, sejam todos farinha do mesmo saco.