*Drica Guzzi, Gisele Agnelli e **Paulo Dalla Nora Macedo
Nas últimas eleições, em 2018, assistimos às primeiras tentativas estruturadas de diminuir os custos das eleições, permitindo assim chances mais equilibradas entre os candidatos. A lógica estava ancorada na criação de plataformas de matchs, nas quais os eleitores poderiam escolher seus candidatos a partir de seus valores identificados, com base em um questionário simples. Do outro lado, os candidatos se cadastrariam na plataforma, sem custos, e dessa forma poderiam ser “oferecidos” aos eleitores. O conceito bebeu na fonte de hackear o sistema, que criou muitas empresas de sucesso nos últimos anos entre fintechs, healthtechs etc. O modelo de match tem vários méritos de fato e endereça uma parte da questão.
O problema é que, para o caso da “disrupção” do processo de escolha eleitoral, a ideia não considera que a “vida é entorno”, como dizia Millôr Fernandes. Ou seja, a maioria das escolhas dos candidatos se dão muito influenciadas pelo boca a boca e pelas notícias de divulgação de propostas, de participação em debates… enfim, de coisas geradas pela maratona que é uma campanha eleitoral e que custa dinheiro: com assessores, projetos, equipe de mídia, equipe de produção de conteúdo etc. O sistema de match fica então com mais apelo para as pessoas mais digitalmente conectadas.
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O Projeto 72hs nasceu, primeiramente, do entendimento de que os recursos utilizados na campanha importam sim. Importam muito, podem até definir eleições. Em segundo lugar, entendemos a necessidade de atender-se a outra parte do público: a grande massa de eleitores que faz as suas escolhas em mundo “aberto”, no qual o dinheiro importa muito. Amyr Klink disse que só teve sucesso na construção de um barco para cruzar o Atlântico a remo quando aceitou que seria impossível fazer um barco que não virasse, mas sim fazer um barco que virasse e desvirasse rapidamente e com o menor esforço. Partindo dessa premissa de pragmatismo, temos que acompanhar a distribuição dos recursos públicos do fundo partidário e eleitoral, durante a campanha, enquanto o jogo eleitoral é jogado, de forma que seja possível e viável cobrar correções de rumos imediatamente, para a eleição vigente.
Esse é o serviço que o 72hs presta para eleitores, como ferramenta de fiscalização cidadã do dinheiro público destinado às campanhas e muito importante também para candidatos, para os movimentos cívicos e para a imprensa, como uma ferramenta simples de acompanhamento constante dos valores distribuídos, para que eles possam cobrar equidade e equilíbrio nos repasses. Colocando uma luz em quem e quando os repasses são feitos, diariamente, ao longo dos 45 dias de campanha eleitoral, conseguimos também, com a plataforma, cobrar dos partidos políticos uma melhor transparência nos critérios de distribuição do dinheiro. Novamente, o volume de dinheiro das campanhas faz diferença — e o timing dos repasses também! Alguém que tem acesso ao fundo numa data muito próxima ao pleito não tem tempo de organizar de forma competitiva sua campanha.
PublicidadeA partir do 72hs, você vai descobrir como cada partido distribui os seus recursos por gênero e por raça, assim como quais os candidatos que mais estão recebendo por partido em cada cidade. Um mapa do que conta muito nas eleições, o dinheiro, para que os eleitos não sejam escolhidos sem a sua participação e mesmo antes do seu voto. Faltando menos de um mês para as eleições, o 72hs permite a você descobrir que, dos 33 partidos políticos, mais de um terço, até agora, ainda não repassou 30% ou mais para as candidaturas femininas. Além disso você vai constatar que os cinco candidatos a prefeito, em todo Brasil, que mais receberam recursos do fundo já foram premiados com mais de R$ 20 milhões.
Entre no 72hs, veja a sua cidade, o seu partido. Copie e envie para veículos da sua região, para amigos… Cobre e mude a direção do dinheiro hoje, já.
* Drica Guzzi é co-fundadora do Projeto 72hs, do qual Gisele Agnelli e **Paulo Dalla Nora Macedo são conselheiros.
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