Amanda Vettorazzo*
Nos últimos dias, todos os seres que habitam o universo das redes sociais foram impactados pela divulgação dos áudios do deputado estadual Arthur do Val. Mas, de forma desproporcional, a repercussão desse caso foi astronômica, se comparado com outras “polêmicas virtuais”. De fato, essa pauta foi diversas vezes repetidas no Jornal Nacional.
A sociedade como um todo — pelo menos na aparência gerada pelo barulho — repudiou as falas que ficaram, corretamente, classificadas como “machistas” e “sexistas”. Tal como um vírus, esses termos se espalharam, atrelados à imagem de Arthur, por todos os veículos de imprensa e influenciadores digitais.
Do Val agora enfrenta duras penas por seus atos: perdeu a pré-candidatura ao governo de São Paulo, perdeu o partido e precisou se afastar do Movimento Brasil Livre. Além disso, sua vida pessoal foi profundamente afetada, perdeu a namorada e decepcionou muitos apoiadores. Todavia, com Tiago Leifert, Monark e Gentili, o cancelamento não teve as mesmas proporções.
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Seria admirável a forte presença masculina na reação de repúdio aos áudios, se não fossem conhecidas as figuras abjetas que usaram o episódio para se autopromoverem. A quantidade significativa de homens desperta curiosidade. Será que eles realmente ficaram ofendidos? Almas puras que jamais disseram ou diriam tais baixarias?
Sejamos sinceros, “Carteiro Reaça” não é uma figura que podemos entender como grande defensor das pautas femininas. Seu histórico é suspeito — no sentido jurídico do termo —, pois já fez uma denúncia infundada de suposta “rachadinha” contra Arthur Do Val, que foi arquivada. Em dezembro do ano passado, o “Carteiro Reaça” literalmente agrediu seu colega Do Val ao vivo no Plenário da Assembleia. Será que o deputado realmente se importa com as mulheres? Por que não denunciou o presidente quando mandou uma jornalista calar a boca? Hipócrita!
PublicidadeDo outro lado da ponte não foi diferente. A Globo repercutiu os áudios diariamente, mas mantém no seu quadro de funcionários o ator José de Abreu. Sim, o sujeito que cuspiu em uma mulher em público. Ah! o próprio Abreu usou sua conta no Twitter para criticar Do Val; a mesma conta que ele usou para retuitar um homem que queria “socar” a deputada Tabata Amaral.
O suposto “repúdio” de agentes tão contraditórios do debate público deixa evidente como todo processo contra o deputado mais econômico da Alesp parte de um ressentimento pessoal. Esses homens que dizem que “vagina não transforma fascista em humano” ou que filha mulher é “fraquejada”, não estão nem aí para as ucranianas ou qualquer mulher que sentiu ofendida. A intenção explícita desses verdadeiros machistas é jogar Arthur no ostracismo, pois é um político que incomoda muito.
Alguém poderia questionar a generalização de dois “casos isolados”. Mas posso garantir que essa hipocrisia não se limita a influenciadores ou veículos de comunicação. Homens “não-públicos” vieram ao meu perfil me hostilizar, falar coisas nojentas e machistas, pois ficaram ofendidos com os áudios… machistas. Faz sentido para alguém isso? Agredir verbalmente uma mulher para “combater o machismo” não é apenas contraditório, é a revelação de um oportunismo político.
*Amanda Vettorazzo é gestora pública, pós-graduada em Smart Cities, defensora da causa animal, e membro do Movimento Brasil Livre.
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