Amanhã, domingo, 21 de novembro de 2021, um fato marcante e inovador ficará na história dos partidos políticos brasileiros. Pela primeira vez na vida democrática do país, um grande partido político escolherá seu candidato à presidência da República pelo voto livre e direto de quase 45 mil inscritos entre mandatários (vereadores, prefeitos, vices, deputados, senadores, governadores) e militantes. Foram realizados quatro grandes debates em parceria com O Globo e Valor Econômico, Estado de São Paulo, Globonews e CNN. Em um país onde a tradição é que os partidos tenham comando centralizado, dirigidos por verdadeiros “donos” plenipotenciários, não é um fato trivial que deva ser banalizado.
Seguindo a larga tradição dos partidos americanos e europeus, o PSDB resolveu construir sua candidatura radicalizando a democracia interna e convocando suas bases a participar. Esperamos que esta seja uma experiência transformadora que inspire os demais partidos a renovar suas práticas.
Em 2018, o mote central da eleição foi um suposto confronto entre a “nova política” e a “velha política”. Hoje há um consenso nacional de que “o novo pelo novo” é um conceito vazio. O próprio governo federal entregou pouco de seus compromissos de campanha. O exemplo mais acabado de frustração da população com a chamada “nova política” talvez seja a experiência no Rio de Janeiro, envolvendo o ex-magistrado, político de carreira meteórica e governador afastado, Wilson Witzel. Casos decepcionantes ocorreram também em Tocantins, Amazonas e Santa Catarina. Felizmente, em Minas, o governador Zema faz um trabalho honesto, sério e bem-intencionado. Governar bem não depende de figurinos maniqueístas e superficiais. A medida são os resultados.
Leia também
Lembro-me sempre da velha raposa política mineira que ao ser questionada sobre sua idade avançada ironizou o adversário mais jovem: “Churchill, aos 75, levou os aliados à vitória contra o nazismo e salvou a democracia. Nero, aos 20, incendiou Roma”. O novo e o velho são conceitos relativos.
O PSDB com sua coragem e ousadia de exercitar verdadeiramente o novo, está alcançando todos os objetivos originais traçados por sua direção: I. construir o único caminho possível para a unidade partidária; II. aumentar a visibilidade e o nível de conhecimento de seus pré-candidatos; III. mobilizar militantes, vereadores, prefeitos, vices e deputados estaduais que nunca participaram das decisões nacionais; e, IV. lapidar uma visão de país e um programa de governo.
Muitos perguntam se as prévias não vão aguçar divergências e divisões. É uma visão distorcida de democracia que crê que jogando as diferenças para debaixo do tapete, a unidade e o partido saem fortalecidos. É a aposta na “paz dos cemitérios”. Na calmaria anestesiante. Democracia, ao contrário, é vida, é o debate aberto e franco das divergências, de forma bem conduzida e focada no avanço das propostas majoritárias.
PublicidadeAmanhã saberemos quem será o candidato do PSDB em 2022: Eduardo Leite ou João Doria. A partir daí, haverá um amplo diálogo com as forças democráticas, chegando à melhor chapa para enfrentar Lula e Bolsonaro e erguendo uma alternativa para recolocar o país nos trilhos e superar a atual polarização estéril. Mas as prévias do PSDB, por si, já terão sido uma enorme contribuição à revitalização da democracia brasileira.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.
Deixe um comentário