O mais virtuoso e honesto princípio da política é a transparência. É um trabalho hercúleo defender esse tipo de comportamento no Brasil, onde boa parte dos políticos trabalham pelo oposto: sigilo total na origem e destino da verba pública. Como então combater esse verdadeiro desrespeito com os eleitores e pagadores de impostos?
Em seu site, o Congresso em Foco faz um ótimo trabalho com o “Radar”, na qual as atividades, gastos e ações dos parlamentares federais são monitorados e expostos ao público. No entanto, sabe-se que há as esferas estadual e municipal que, pela dificuldade de criar e manter um sistema estruturado de informações, não são inseridos nesse “radar”.
Passada a fase da demonização da política levantada falsamente pelo bolsonarismo em 2018, percebemos que há, sim, uma minoria de parlamentares bons, que trabalham, economizam o dinheiro público e expõem seu trabalho através das redes sociais. Aliás, o advento da internet facilitou significativamente a fiscalização e a publicidade das atividades nas Casas Legislativas e no Executivo.
Apesar de publicar literalmente todas as minhas ações, projetos e economias nas redes sociais e fazer um resumo mensal do mandato, senti que daria pra fazer mais do que isso, servindo, inclusive, de exemplo para colegas parlamentares que já aderiram ao modelo de transparência nas redes sociais difundido por membros do Movimento Brasil Livre (MBL).
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Pensando em comunicar a todos os cidadãos paulistanos os feitos do meu primeiro ano de mandato como vereador em São Paulo, organizei um evento aberto na Câmara Municipal de São Paulo, a Casa do Povo, com a presença de público (respeitados os protocolos sanitários) que poderia, a qualquer momento, cobrar, reclamar ou mesmo elogiar meu desempenho no cargo público que ocupo.
Aproveitei para convidar o deputado federal Kim Kataguiri e os deputados estaduais Arthur do Val e Heni Ozi Cukier para também prestarem contas de seus respectivos mandatos, especialmente para falarmos das ações que fizemos em conjunto no ano de 2021.
PublicidadeO evento foi um sucesso e ouso convidar o leitor a questionar: se ao menos um terço dos políticos brasileiros fizessem prestação de contas, nossa situação política poderia estar melhor? Posso me passar por utópico aqui, mas tenho certeza de que os problemas gerados pela falta de transparência, pela corrupção, pelos gastos exacerbados etc., teriam uma considerável redução. A atitude de prestar contas mensais e/ou anuais gera um compromisso direto com o eleitor e do eleitor.
Fosse possível difundir essa mentalidade entre os eleitores e os políticos, casos como o do presidente Bolsonaro – que colocou sigilo em seu cartão de vacinação e no cartão corporativo – , do orçamento secreto, do Mensalão de Lula e da farra dos guardanapos de Sergio Cabral, poderiam ser reduzido. Ocorre que atualmente essas imoralidades estão naturalizadas e enraizadas na mente dos brasileiros, e a maioria dos políticos não se sentem pressionados a prestar contas de absolutamente nada, mesmo sendo pagos com nosso dinheiro, o dinheiro público.
Parece um mundo idealizado, totalmente impossível. De certa forma, esse pensamento faz sentido, mas também é um conformismo que há muito mantém o status quo da nossa realidade. Acredito que é melhor fazer pequenas mudanças que podem repercutir e transformar a política, do que se manter estagnado sem fazer nada contra a corrupção, a falta de transparência e as regalias sigilosas.
Ao prestar contas de meu mandato, pude comprovar que é possível trabalhar sério para melhorar a vida das pessoas. O ano de 2021 foi repleto de desafios e obstáculos superados. Que venham as batalhas de 2022; no final dele, prestaremos contas de tudo.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.
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