1. Bem que gostaria de escrever algo sobre a crise decorrente da paralisação dos caminhões no Brasil …
2. Veja que falei “paralisação dos caminhões”.
3. A primeira grande dificuldade é definir quem paralisou os caminhões.
4. Para escrever um texto sobre esse e qualquer outro assunto, preciso ter um mínimo de segurança sobre a realidade (os fatos como efetivamente são. Afinal, a realidade é a régua da verdade).
5. A minha sensação, cada vez mais forte, é que a maior parte das explicações para a dramática situação vivenciada não estão claras ou visíveis. O que vemos na grande mídia, como de costume, é a famosa “ponta do iceberg”.
6. Postei, no meu perfil do Facebook, três perguntas que ajudam a identificar os elementos importantes desse triste quadro.
7. Tentando entender, indaguei: “O Brasil importa cerca de 20% do combustível que consome. O preço interno do combustível deve flutuar, até diariamente, em função do valor do petróleo no mercado internacional?”.
8. Eis a primeira grande questão: a política de preços da Petrobrás.
Publicidade9. Parece de um simplismo enorme sustentar que a tal política é uma mera aderência ao mercado (como uma diretriz atemporal, correta de forma absoluta para todo e qualquer caso).
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10. Não se analisam os custos da Petrobrás? Qual a parte dos custos está em reais? Qual a parte está em dólares? Uma estatal do tamanho e da importância da Petrobrás deve atuar segundo as leis do mercado? Como funciona o mercado dos combustíveis? A atuação da própria Petrobras não afeta esse mercado? A Petrobrás reduziu, no governo Temer-Parente, cerca 50% da produção em suas refinarias? Como evoluiu a venda de petróleo bruto pela Petrobrás nos últimos anos? Como evoluiu a compra de combustíveis do exterior pela Petrobrás? A Petrobrás compra combustível no exterior de quem? A Petrobrás pretende vender refinarias? Quantas? Qual a razão? Para quem? A Petrobrás caminha para se tornar uma simples exportadora de petróleo interno bruto?
11. Um ingênuo acréscimo neste ponto. Um inteligente e flexível mecanismo de equalização, devidamente calibrado, poderia evitar os malefícios dos subsídios e das constantes variações de preços dos combustíveis.
12. Ainda tentando entender, perguntei: “Desoneração tributária das empresas transportadoras era pauta da greve dos caminhoneiros?”.
13. Esse ponto aparece no acordo firmado pelo governo.
14. Quem apresentou essa proposta? Qual a razão do governo ter aceitado sem resistências? Até que ponto esse movimento é patronal? Até que ponto esse movimento é dos caminhoneiros? Quantos caminhoneiros são autônomos? Mesmo os autônomos não são majoritariamente contratados por grandes empresas? Como está a relação econômica do setor de transporte de cargas com seus clientes? O setor de transporte da cargas consegue repassar os custos para o preço dos fretes?
15. Ainda indaguei: “Como ficará o preço da gasolina e do etanol em relação ao preço do óleo diesel?”.
16. A “solução” parcial não indica um ajuste para um setor econômico? A gasolina não sofrerá consequência direta dessa “solução”? O preço “livre” da gasolina não será um combustível para outros e maiores protestos (de outros setores)?
17. A questão tributária subjacente é outro tema de extrema complexidade e relevância.
18. Como “resolver” o peso tributário sobre os combustíveis de forma isolada? O problema não teria que ser enfrentado no âmbito de uma reforma tributária com ampla desoneração do consumo e oneração significativa da propriedade, da renda-capital e das operações financeiras?
19. Em suma, o pano de fundo da crise em curso é justamente o modelo de desenvolvimento socioeconômico a ser adotado no Brasil.
Item 5- Comentando, ainda é cedo para saber, mas é só a ponta do iceberg. É só perguntar para um especialista.
Item 7- tem interferencia externa, talvez de acionistas da estatal em outros países.
Item 10- tbem sofre muita interferencia externa. Os países produtores de petroleo manipulam a produção para aumentar ou diminuir e outras tramóias. Mas o pior acontece aqui mesmo, interferencia demais do estado para controlar a concorrencia externa mas não pode e quem sofre é o povo daqui. Deveria privatizar a estatal .
Item 14- Acho que tem culpa no cartório, mas tem muita resistência ou seja, deveria renunciar.
Item 15- Deveria seguir o mesmo caminho. Aliás se o lema dos caminhoneiros fosse pela redução dos preços de todos os derivados de petróleo seria mais lógico.
Item 16- Eu acho que governo ainda vai recuar bastante porque a greve ainda não acabou.
Item 18 e 19- Acho que não tem mais fôlego.