O ideal é viver neste país, e no planeta, com segurança física e alimentar, educação, saúde, perspectivas, fraternidade e uma vida boa para todos. O possível é outra coisa.
O ideal aponta o Norte mas é o possível que nos deve governar.
O possível é aquilo alcançável em poucos anos, melhorias rumo ao ideal. Mudar práticas vigentes para alcançar o possível é, por definição, possível.
O ideal seria parar de queimar combustíveis fósseis hoje! O possível é reduzir tal consumo em 5% ou 10% a cada ano, o mais velozmente que se conseguir.
Queremos ótimas educação, saúde, segurança pública, habitacional, alimentação, mobilidade e muitos outros ideais. Mas, no caminho rumo a eles, quais melhorias são possíveis? Esta pergunta daria um eixo e deveria orientar campanhas transformadoras para as próximas eleições parlamentares e presidenciais no Brasil.
O ideal é que todos enxerguem que a degradação das condições humanas e ambientais decorre de um único processo, derivado da antiga crença, hoje tornada absurda, de que o planeta é infinito! Mas é possível ampliar o time dos que percebem a realidade e agem para reverter o duplo aviltamento.
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A aparente solução para minorar a degradação humana – mais crescimento econômico – tende a ampliar a deterioração ambiental. Digo “aparente” por que nem sempre o crescimento reduz a precariedade da vida humana e, já se sabe há décadas, a economia pode ir bem e o povo, mal. A ideia de um crescimento limpo, desassociado da corrosão da biosfera é, atualmente, é um ideal, não uma possibilidade. E, como dito acima, é o possível que nos deve governar.
Muitos – a maioria? – concordarão que reverter o processo que leva à degradação humana e ambiental é o principal problema e o maior desafio da humanidade neste século. Desafio bem maior que o risco de uma guerra total entre as grandes potências. No entanto, paradigmas passados continuam a orientar governantes. Mesmo a cantilena da escassez de recursos não mais se sustenta.
Em 2020, além de US$ 420 bilhões em subsídios à extração e consumo de combustíveis fósseis, os gastos militares globais alcançaram US$ 2 trilhões. Destes, 62% feitos por EUA, China, Rússia e Inglaterra. Todos cientes do seu próprio extermínio numa guerra nuclear. Será que seus dirigentes ainda creem que o enfrentamento é melhor que o entendimento?
Nesse contexto, os ditos países emergentes pleitearam em Glasgow, mais uma vez e novamente sem sucesso, módicos US$ 100 bilhões anuais para combater apenas a mudança climática, e não as degradações gêmeas.
Embora longe do ideal, é possível reduzir substancial e rapidamente esses gastos militares e subsídios à poluição, usando-se mais recursos para recuperar humanos e ambientes degradados. Assim, e só assim, nossos filhos e netos poderão viver mais seguros, saudáveis, educados, e felizes.
Ainda não será o ideal mas é um mundo possível e será bem melhor, em poucos anos!
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