Belo Horizonte tem se firmado crescentemente como um grande polo cultural na cena brasileira. A tradição é forte e funda. Nasceram aqui o Clube da Esquina, o Grupo Corpo, o Galpão. A nova geração produziu nomes nacionais como o Skank, o Patu Fu e o Jota Quest. A arte mineira encontra sua melhor expressão no trabalho de Jota Dangelo, Pedro Paulo Cava e Helvécio Ratton. Nenhuma cidade brasileira possui um eixo cultural tão rico como o formado pelo Museu de Artes e Ofícios, o Inimá de Paula e o Circuito Cultural da Praça da Liberdade.
Espaços como o Sesc Paladium e o Cine Theatro Brasil Vallourec vieram se somar ao Palácio das Artes e tantos outros onde nossa história cultural é escrita. Sem falar no Inhotim, o maior museu de arte contemporânea do Brasil, referência mundial no setor. Os festivais se multiplicam, a começar pelo Festival Internacional de Teatro. Das ruas de BH, brotaram a literatura de Fernando Sabino e Roberto Drummond e a poesia de Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Enfim, BH sempre teve um encontro marcado com a cultura – universal de tão mineira, mineira de tão universal – e a arte de qualidade.
A vocação e tradição cultural de nossa capital pedem avanços e aprofundamento, nunca retrocessos.
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Muitas vezes, assisti a shows e peças teatrais no Klauss Vianna, um dos melhores e mais bem equipados teatros de Belo Horizonte. Incrustrado no alto da Afonso Pena, foi palco de bons momentos artísticos. Agora o Teatro Klauss Vianna está em risco.
Inaugurado em 1985, no prédio da então Telemig, empresa de telefonia estatal, mesmo após a privatização em 1997, continuou a receber eventos culturais de grande importância e investimentos na melhoria de suas instalações e equipamentos, sendo rebatizado como Oi Futuro Klauss Vianna. Recentemente, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, uma de nossas mais importantes e admiradas instituições, desapropriou o prédio para ganhar nova sede. O Poder Judiciário é central na democracia e na vida da sociedade e merece uma sede proporcional à sua importância. Mas dentro de seu planejamento interno previu fechar o Klauss Vianna para transformá-lo em um simples auditório.
Um forte e representativo movimento de artistas mineiros se formou em defesa não só da memória do bailarino e coreógrafo belorizontino, mas da permanência do Teatro Klauss Vianna como um dos principais espaços culturais da cidade.
PublicidadeTenho convicção que a sensibilidade e o espírito público da cúpula do Poder Judiciário mineiro, somados ao legítimo movimento de nossos artistas e produtores, resultarão na manutenção do Teatro que completa agora 30 anos. Como disse Pedro Paulo Cava: “Quem constrói um teatro tem um auditório, quem constrói um auditório não tem mais do que isso”.
Em tempo: o absurdo fechamento do Museu dos Governadores, no Palácio da Liberdade, não deve servir de exemplo para que a nossa história cultural seja amputada de suas conquistas.
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