Os casos das últimas semanas demonstram como a sociedade brasileira é violenta e cruel com as mulheres e meninas. Uma mulher estuprada durante o trabalho de parto pelo médico, dentro do centro cirúrgico; uma menina de 11 anos, estuprada e impedida de ter acesso ao aborto legal, pela juíza que acompanhava o caso; assédio sexual cometido pelo professor da Unesp de Bauru; os escandalosos relatos de assédio – são episódios recentes que se somam a outros milhares que ficam no anonimato, mas que aumentam as estatísticas sobre os crimes cometidos contra a mulher no Brasil, deixando evidente o quanto a mulher ainda não é vista como dona do seu próprio corpo e de suas escolhas.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, do Fórum Brasileiro, no ano passado, 1.300 mulheres foram vítimas de feminicídio no país e outras 56.098 foram vítimas de estupro. Em relação à violência doméstica e familiar, uma pesquisa realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, mostrou que quase 70% das entrevistadas afirmaram conhecer uma ou mais mulheres vítimas desse crime, enquanto 27% declararam já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem.
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Erradicar as violências cometidas contra meninas e mulheres é um dos principais desafios para a consolidação da nossa sociedade, dentro dos parâmetros da civilidade. Construir um mundo melhor para que nossas meninas permaneçam seguras (e vivas!) é urgente e necessário. E, para tal, precisamos ter mais mulheres na política. A luta das mulheres por segurança, emprego, valorização profissional e pelo direito aos seus corpos só será de todos, quando tivermos mulheres ocupando espaços decisórios, sendo tomadoras de decisões que impactam a vida de todas.
E não é o que temos hoje. Afinal, as mulheres continuam sendo a minoria entre os políticos, dentro dos partidos. São minoritárias também entre o corpo de secretários da administração pública, entre as cúpulas que administram as instituições de justiça. Como são, também, minoritárias nos grupos de poder em espaços privados (CEO de grandes empresas, por exemplo).
A boa notícia é que estamos naqueles momentos da história em que podemos fazer diferente, mudar esse cenário. Neste ano, teremos eleições, em que cada eleitor poderá votar em cinco pessoas para disputar cargos do Executivo e Legislativo. É a chance de entregarmos um futuro diferente para nossas meninas, é a oportunidade de propiciar que elas olhem para a televisão e vejam mulheres (muitas mulheres) exercendo cargos políticos e assim sonhem, também, estarem lá um dia. O voto feminino será decisivo nas eleições deste ano: seja lutando por uma maior representatividade feminina, seja como grupo decisório para tirar governos retrógrados, como o de Bolsonaro, do poder e eleger bons e boas representantes.
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