Ainda que sob ataques constantes às suas vantagens comparativas e em meio à pandemia, a
Zona Franca de Manaus (ZFM) completa 54 anos resistindo como modelo exitoso, reduzindo desigualdades regionais e, ao mesmo tempo, servindo de instrumento de conservação ambiental da Amazônia.
Reputo como um dos maiores desafios da ZFM o rompimento da barreira do preconceito que impede a muitos, inclusive autoridades da área econômica, de compreender os mecanismos da ZFM que servem ao
Amazonas e ao Brasil. A narrativa dos críticos é de que o modelo, ao se valer de subsídios, representa um gasto fiscal muito grande ao país.
Para combater o preconceito, nada melhor do que a informação e isso tem sido uma constante em meu mandato em todos os fóruns de que participo. Uma luta permanente na divulgação de que a ZFM representa apenas 8% do gasto tributário do país e de que, ao abrir mão de tributos, o nosso polo industrial gera 500 mil empregos diretos e indiretos, além de riquezas sob a forma de impostos no Amazonas e no Brasil.
Ao mesmo tempo, não podemos deitar em berço esplêndido nos valendo eternamente de subsídios fiscais. Para além da manutenção dos atuais arranjos produtivos da ZFM, devemos ampliar o mix de negócios, na direção de
indústrias mais ligadas à nossa vocação regional, como a bioindústria, a partir de investimentos direcionados à pesquisa e beneficiamento da nossa biodiversidade.
Outra área de negócios que devemos buscar explorar fortemente é a indústria de
softwares, que é alocacional e não depende de estradas, portos e aeroportos. Depende de nuvem de internet e de inteligência. E isso o amazonense já demonstrou que tem de sobra. Poucos sabem, mas a
Samsung mantém no Amazonas a maior indústria de
softwares fora da Coreia do Sul.
Manaus precisa triplicar e diversificar a capacidade industrial e de serviços, visando não somente a maior circulação de recursos financeiros mas principalmente maior autonomia.
Dessa forma poderá garantir maior capacidade de investimentos ambientais.
E dá pra fazer tudo isso sem poluir.