A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor/MT) pediram à Procuradoria Geral da República (PGR) o afastamento do governador Mauro Mendes (União) e a decretação de intervenção federal no estado. De acordo com as entidades, Mauro Mendes tem promovido ataques ao livre exercício do jornalismo e perseguido profissionais de imprensa.
Elas também solicitam a “investigação e eventual responsabilidade” de Mauro Mendes, após a apuração dos fatos denunciados pelas autoridades competentes.
O documento protocolado na quinta-feira (16) informa que 15 jornalistas do estado foram alvos de ações da Polícia Civil de Mato Grosso em 2022, devido a reportagens envolvendo o gestor e seus familiares, violando, assim, a liberdade de imprensa prevista na Constituição. “O exercício do jornalismo, portanto, requer que uma pessoa se envolva em atividades que estão definidas ou compreendidas na liberdade de expressão garantida na Convenção”, diz trecho do texto.
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Os jornalistas Pablo Rodrigo, Ulisses Lalio, Daniel Pettengill e Haroldo Arruda Jr. são alvos de inquérito na Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) por causa de reportagens publicadas. Uma delas revelou que o filho do governador, Luis Antônio Taveira Mendes, era investigado pela Polícia Federal na Operação Hermes. Outra reportagem mostrou que houve pedido de autorização para implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) por familiares e amigos do governador.
Segundo a Fenaj e o Sindjor, o jornalista Alexandre Aprá foi seguido por um detetive particular alegadamente contratado pelo governo para tentar incriminá-lo. As entidades ainda citam no documento a Operação Fake News na Justiça, movida contra jornalistas e com pedidos de indenizações de altos valores.
Os órgãos questionaram no texto o caráter independente e crítico que a mídia possui e que deve ser respeitado. “Inviabilizar que a notícia chegue à sociedade, rebaixando os atos de imprensa como um simples instrumento de ‘reprodução’ de releases dos órgãos públicos, afastaria por completo a independência crítica e a liberdade de informar dos veículos de comunicação”, alegam as entidades na petição.
O governador Mauro Mendes disse, em nota, que o pedido de afastamento do cargo “não possui base jurídica e beira o ridículo”. “Qualquer pessoa que difamar ou caluniar alguém pode ser processado por isso. Em nosso entendimento, os jornalistas envolvidos cometeram esse crime e por isso estão sendo processados. O que há de errado nisso?”, alega. “Alguns deles têm longa ficha de processos por crimes dessa mesma natureza, e várias condenações. Esse pedido beira o ridículo e não possui nenhuma base jurídica”, alega. (Por Pedro Sales)