Agentes da PRF envolvidos no caso foram demitidos uma semana após a morte de Genilvado de Jesus Santos, em Umbaúba, no litoral sul de Sergipe. Foto: Reprodução
Agentes da PRF envolvidos no caso foram demitidos uma semana após a morte de Genilvado de Jesus Santos, em Umbaúba, no litoral sul de Sergipe. Foto: Reprodução
Opinião
Violência policial e banalização da vida se repetem em regiões brasileiras durante operações
Coluna – espaço franqueado pelo Congresso em Foco a uma pessoa ou a um grupo de pessoas que pode agregar valor intelectual à cobertura jornalística que fazemos do Congresso Nacional e da política. Colunistas têm ampla liberdade de tema e de linguagem. Podem optar por uma linha pessoal e opinativa; enveredar por um caminho preponderantemente analítico; explorar as possibilidades da crônica e dos textos confessionais; fazer uma entrevista; ou mesmo trazer um relato objetivo sobre os fatos, aproximando-se assim do formato de notícia ou reportagem.
O Brasil acorda no trending topics mundial com episódios absurdos de extermínios e abusos em atuação policial. A polícia protagoniza atos de violência, tortura, e abuso de autoridade. Estamos atônitos com o caso do Genivaldo de Jesus Santos, homem com transtornos mentais, de 38 anos, que foi assassinado nesta quarta-feira (25) após uma abordagem de policiais rodoviários federais, no município de Umbaúba, em Sergipe. Ele foi imobilizado e depois colocado dentro do porta-malas da viatura. Nas imagens, é possível ver que o carro estava tomado por uma fumaça branca, enquanto Genivaldo gritava. Agentes do Estado, que detêm o dever legal de proteger aquele cidadão, investidos de um comportamento psicopata, aqueles policiais escancaram sua completa ausência de empatia pelo outro.
Desumanizaram Genivaldo, pior do que isso, arrancaram dele aquilo que nos faz mais humanos: que é o direito à vida. O que faremos após presenciar tamanha barbárie? Uma inadmissível execução, desta vez tudo filmado! Quantos Genivaldos pelo Brasil não foram vítimas de execução sumária como essa? Essa pode ser noticiada porque o flagrante estava consumado pelo olhar atento da câmara.
No outro lado do país, no Rio de Janeiro, na comunidade Terra Prometida, moradores relatam noite de terror, quando, por volta das 3h30 moradores foram surpreendidos com disparos de tiros tomando conta do lugar que deveria abrigá-los.
Há uma banalização da violência, mais do que isso, é a naturalização da tortura, da violência e de procedimentos criminosos. O que fazer quando quem conflita com a lei deveria zelar por ela? Estamos buscando entender essa onda de violência policial, e sabemos que a impunidade é indutora de sua continuidade.
O Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2021 (FBSP), destacou que os negros foram as maiores vítimas de policiais. Isso corresponde a 78,9% das 6.416 pessoas mortas por policiais no ano de 2020, mesmo com a pandemia de covid-19 restringindo a movimentação de pessoas. Nunca as forças policiais brasileiras mataram tanto quanto naquele ano. Segundo dados do Anuário, o número de mortos por agentes de segurança aumentou em 18 das 27 Unidades da Federação, revelando um espraiamento da violência policial em todas as regiões do país.
O efeito Bolsonaro, tem as suas consequências e elas são gravíssimas. Além do armamento desenfreado, atingimos patamares estarrecedores de violência policial, e em seu alvo o povo preto e pobre, que sofre, e luta para sobreviver à doença, desigualdades, violência e o abuso. O aumento nos índices de letalidade policial demonstram que há uso abusivo de força por parte das forças policiais de vários Estados brasileiros. A lei deixou de ser a regra, a violência parece ser a única medida de resposta. Estamos todos em risco e precisamos refletir essas atrocidades, sob a pena de naturalizar e até banalizar a morte, a violência, o arbítrio e o genocídio de um povo que luta para continuar vivo. Nada devolverá as vidas ceifadas, mas a justiça deve reestabelecer a ordem investigando e responsabilizando os criminosos que agiram dolosamente para produzir os efeitos dessa guerra travada entre a polícia e periferia, para que ela deixe de existir e a gente recupere a confiança que ficou no caminho.
Michel Platini
Michel Platini é tradutor de LIbras e fundador do primeiro sindicato da categoria no Brasil. Presidente do Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos (CentroDH), é o coordenador da Aliança Nacional LGBTI no Congresso Nacional e é ativista de direitos humanos.
Se você chegou até aqui, uma pergunta: qual o único veículo brasileiro voltado exclusivamente para a cobertura do Parlamento? O primeiro a revelar quais eram os parlamentares acusados criminalmente, tema que jamais deixou de monitorar? Que nunca renunciou ao compromisso de defender a democracia? Sim, é o Congresso em Foco. Estamos há 20 anos de olho no poder, aqui em Brasília. Reconhecido por oito leões em Cannes (França) e por vários outros prêmios, nosso jornalismo é único, original e independente. Precisamos do seu apoio para prosseguir nessa missão. Mantenha o Congresso em Foco na frente!
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