No dia 10 de dezembro, mal comecei a escrever um dos meus artigos quando tive de parar por conta de alguns problemas. Só estou retomando agora. Na época, dera provisoriamente o título acima, que decidi manter. De lá pra cá, uma série de eventos só serviu para confirmar as preocupações que me ocorriam lá atrás. No dia da diplomação, 12 de dezembro, bolsonaristas terroristas golpistas (não necessariamente nesta ordem) tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília. Em atos de vandalismo explícito, incendiaram ônibus e carros particulares, destruíram equipamentos públicos, depredaram um posto de gasolina e assustaram quem passava pelo local.
No dia de Natal, um homem possuidor de um verdadeiro arsenal de guerra foi preso por armar uma bomba perto do Aeroporto de Brasília, debaixo de um caminhão de querosene de aviação. Confessou que a explosão seria um ato terrorista para implantar o caos e, assim, justificar a decretação do estado de emergência por Bolsonaro, com o que a posse de Lula seria suspensa. Logo no dia seguinte, outro fato preocupante: uma grande quantidade de explosivos foi encontrada na área rural do Gama, cidade-satélite de Brasília.
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O texto iniciado no dia 10 de dezembro começava assim:
Outro dia, antes da diplomação de Lula, perguntei a um motorista de Uber se tinha passado pelo acampamento dos bolsonaristas em frente ao QG do Exército, aqui em Brasília e se achava que eles ainda esperavam que acontecesse alguma coisa nessa altura do campeonato: “Eu não sei o que vai acontecer, mas alguma coisa vai acontecer. E vai ter morte!”, foi a resposta assustadora dele. “Mas como morte, morte de quem?”, insisti. “Não sei, mas que vai morrer gente, vai”, garantiu.
Retomo o texto de onde parei:
Antes mesmo dos atos criminosos dos bolsonaristas golpistas vândalos que incendiaram ônibus e carros de passeio, já era possível farejar que “alguma coisa” iria acontecer, como afirmava o motorista daquele Uber. Por uma razão muito simples: ninguém fica quase dois meses debaixo de sol e chuva para… nada! Aos que dizem não haver lógica na insistência com que os golpistas se mantêm em frente aos quartéis, é bom lembrar que não se trata de ação racional, mas puramente emocional, do mesmo caráter dos sentimentos religiosos que não precisam de explicação: ou você crê ou não crê e ponto final. Imbuídos do sentimento de “missão divina”, religiosa mesmo, pois confundem patriotismo com paixão emocional, estão dispostos a tudo para impedir que Lula suba aquela rampa. Até porque ninguém chega ao Rubicão para pescar. A expressão “cruzando o Rubicão” alude à travessia do rio do mesmo nome por Júlio César, 49 anos antes do primeiro Natal. A travessia era proibida pelo direito romano, e precipitou a guerra civil de César, levando-o a se tornar ditador vitalício. À época, ele teria dito a famosa frase “Alea jacta est!” (“A sorte está lançada”), simbolizando um ato que, de tão ousado, não tem retorno.
Como ninguém chega ao Rubicão para pescar, é claro, claríssimo, que as legiões de golpistas acampados em frente aos quartéis não sairão de lá até que “alguma coisa aconteça”, inclusive mortes, como previu aquele motorista de Uber.
O futuro ministro da Justiça de Lula, Flávio Dino, informou que todos os procedimentos de segurança para a posse serão reforçados. Medida importante e essencial, sim. Mas para ter efetividade é preciso que o próprio “entourage” de Lula, ou seja, o grupo de amigos, correligionários e parentes abra mão dos tradicionais rituais de contato afetuoso do futuro presidente com o público, como o passeio em carro aberto, os abraços e as selfies, para que não haja brechas para a prática de algum atentado.
Pelas “amostras” exibidas até aqui já deu para perceber que os golpistas estão dispostos a tudo, ou até a mais que tudo, para impor a tese de que Lula não pode subir a rampa e que o poder absoluto deve passar às mãos dos militares ou mesmo do próprio Bolsonaro – que, lembre-se, tem vocação ditatorial semelhante à que fez Júlio César atravessar o Rubicão.
Lula não deixará de ser presidente se abdicar das selfies e dos desfiles em carros abertos. Assentado naquela cadeira do Palácio do Planalto, tornar-se-á imediatamente comandante supremo das Forças Armadas. E elas, a não ser por pura insubordinação, não embarcarão depois da posse numa aventura golpista se não embarcaram nela até aqui.
Pra finalizar: você aí, que está lendo estas mal traçadas: você passaria quase dois meses debaixo de uma tenda de lona, enfrentando chuva forte, trovoadas e raios (um deles feriu vários golpistas acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília), pra sair de lá de mãos abanando, e voltando pra casa com o rabinho entre as pernas, como se nada tivesse acontecido? Ou atravessaria o Rubicão gritando “Alea jacta est”? Hein?
Existem bolhas de todos os tipos e cores. Essa é mais uma ainda não catalogada, mas, sem dúvida alguma, é mais uma.
Risco de vida?Agora essa é a nova mentira para continuarem emrrolando o povo?
ELE NAO VAI SUBIR A RAMPA PQ NAO FOI ELEITO!!!