O senador Eduardo Girão (Novo), o deputado federal Professor Alcides (PL-GO), dois deputados estaduais e dois prefeitos estão entre os dez candidatos que declararam ter tirado mais dinheiro do próprio bolso para bancar suas campanhas eleitorais este ano. A lista dos campeões em autodoação é completada por quatro empresários. Os dados, disponíveis no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda devem mudar no decorrer do período eleitoral, com novas contribuições. Juntos, esses dez candidatos doaram para si R$ 3,4 milhões.
De acordo com o TSE, as autodoações eleitorais somam R$ 248,8 milhões. O postulante a cargo público que mais tirou dinheiro do próprio bolso para financiar sua campanha até agora é o empresário Eduardo Ramlow, o Du, que concorre à prefeitura de Vitória pelo Avante. Ele já investiu R$ 500 mil em recursos próprios em sua candidatura. Com patrimônio declarado de R$ 20,7 milhões, Du é dono de concessionárias de motocicletas na capital do Espírito Santo. O empresário capixaba é representante da marca japonesa Kawasaki no estado. Du da Kawasaki, como é mais conhecido, recebeu outros R$ 190 mil do fundo eleitoral.
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O top 10 dos autofinanciadores é composto por dois representantes de Goiás e dois de Mato Grosso. Espírito Santo, Ceará, Maranhão, Tocantins, São Paulo e Piauí têm um nome cada. Passe a seta para ver, na galeria, quem são os dez campeões em autodoação até o momento. Continue a ler a reportagem e confira, mais abaixo, um breve perfil de cada um deles.
Centro-Oeste
Na segunda colocação no ranking dos maiores autodoadores está o deputado federal Professor Alcides. O candidato à prefeitura de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana, declarou ter investido R$ 474,5 mil em recursos próprios em sua campanha. O deputado tem patrimônio declarado de R$ 9,4 milhões. O parlamentar é empresário na área da educação. É dono da Faculdade Alfredo Nasser, com unidades em Aparecida e Remanso (BA). Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Alcides recebeu doações de pessoas físicas e R$ 4 milhões de recursos públicos, por meio do fundo eleitoral.
Candidato à reeleição, o prefeito de Lucas do Rio Verde (MT), um dos mais prósperos do agronegócio no país, Miguel Vaz (Republicanos) destinou R$ 340 mil em recursos próprios para sua campanha. Ao todo, declarou ter recebido R$ 1,4 milhão para sua candidatura. Desse total, R$ 200 mil são do fundo eleitoral, ou seja, recursos públicos. Com experiência empresarial nas áreas da educação de alimentos, ele é sócio da Fiagril Biodiesel. Também postulando um novo mandato, o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa (PRD), investiu R$ 300 mil em recursos próprios na campanha.
“Jogo muito bruto”
Dono de um dos maiores patrimônios do Senado, o senador Eduardo Girão transferiu de suas contas pessoais para sua campanha eleitoral à prefeitura de Fortaleza R$ 300 mil, sexto maior montante entre as autodoações já registradas. Em quinto lugar na pesquisa Quaest divulgada na semana passada, com 1% das intenções de votos, Girão recebeu R$ 2,1 milhões do fundo eleitoral.
Em entrevista ao Congresso em Foco, o senador classificou a disputa eleitoral como um “jogo muito bruto”. Reclama que não tem tempo de TV e rádio e que sua campanha é a que dispõe de menos recursos entre as cinco mais bem posicionadas nas pesquisas. “Antes de sonhar em ser político, sempre abracei causas, em defesa da vida desde a concepção, contra o aborto e as drogas, contra a jogatina, em favor da família. Sempre ajudei parlamentares. Posso, porque tenho condição de fazer isso de maneira legal. Sempre ajudei dentro do limite que é permitido. Desta vez não consegui ajudar outros candidatos, estou usando pouquíssimas armas nessa luta desigual. A nossa campanha é a mais franciscana entre os cinco candidatos mais bem posicionados”, afirmou o senador.
Um dos principais defensores de Jair Bolsonaro e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Girão foi presidente do Fortaleza Esporte Clube e atuou como empresário em diversas áreas, como hotelaria e segurança. Neste ano ele declarou bens que somam R$ 48 milhões. Valor superior ao informado por ele em 2018, quando se elegeu para o Senado. Naquele ano, seu patrimônio era de R$ 36,4 milhões. O aumento patrimonial se deu, segundo o senador, por causa da venda de empresas.
Limite
Nas eleições municipais de 2020, as autodoações totalizaram R$ 481,4 milhões, segundo informações do TSE. A legislação eleitoral permite que as campanhas recebam doações de pessoas físicas, dos próprios postulantes, de outros candidatos ou partidos, além de recursos do fundo partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o chamado fundo eleitoral. Como mostrou o Congresso em Foco, os candidatos já receberam R$ 4,4 bilhões em recursos públicos até agora. Até a última sexta-feira (27), as candidaturas informaram ter angariado R$ 5,37 bilhões, entre recursos públicos e privados.
As contribuições financeiras de pessoas físicas para candidaturas estão limitadas a 10% dos rendimentos brutos do ano anterior à eleição, abrangendo também as doações feitas pelos candidatos para suas próprias campanhas. O TSE é encarregado de garantir que os valores doados estejam de acordo com a renda declarada por cada doador.
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