“Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”. Essa foi a frase escolhida por Rita Lee para ser lembrada pela posteridade. A cantora e compositora, rainha brasileira do rock, morreu aos 75 anos na noite dessa segunda-feira (8), cercada pela família, em São Paulo, após lutar contra um câncer no pulmão. O epitáfio é citado no livro Rita Lee: uma autobiografia. Nele, a cantora conhecida pelo talento e pela irreverência, dá também o seu recado político ao projetar as reações à própria morte.
“Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los”, escreveu. O anúncio da morte de Rita Lee levou a Comissão de Segurança Pública do Senado a interromper a audiência pública que realizava nesta manhã com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para lhe prestar um minuto de silêncio em sua homenagem.
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O velório será nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h, e será aberto ao público. Era dos fãs que Rita esperava as mais sinceras reações à sua partida, como escreveu no livro de memórias:
“Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão ‘Ovelha negra’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: ‘Thank you Lord, finally sedated'”.
Ícone do rock e do grupo Os Mutantes, Rita Lee teve com Roberto Carvalho seu principal parceiro de música e de vida. Os dois estavam juntos desde 1976. Com ele, deixa três filhos e quatro netos. O produtor musical João Lee prestou homenagem emocionada à mãe nas redes sociais. “Você é foda. Você é, sim, a rainha dessa porra toda. O mundo perdeu uma das pessoas mais únicas e incríveis que já existiu. Eu perdi a minha mãe. Mas você é eterna”, escreveu. Ela estava afastada dos palcos voluntariamente desde 2012.
Veja a publicação de João Lee sobre a mãe:
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