Com a chegada do verão e, consequentemente, a aproximação do período chuvoso, é urgente que São Paulo se prepare para enfrentar os desafios recorrentes que essas condições climáticas trazem. Um dos maiores problemas é a queda de árvores, que não apenas obstrui ruas e danifica veículos, mas também causa danos à rede elétrica. Os galhos rompem cabos aéreos, interrompem o fornecimento de energia e deixam milhares de paulistanos sem luz, muitas vezes por dias.
A falta de planejamento no mapeamento arbóreo da cidade é um dos fatores que agravam essa situação e a arborização urbana, embora necessária para melhorar a qualidade de vida e mitigar o calor, precisa ser gerida com estratégias que considerem a segurança e a infraestrutura do local. A falta de poda adequada, o plantio desordenado e a ausência de manutenção regular contribuem para que árvores em condições precárias se tornem verdadeiros riscos, especialmente em períodos de chuvas e ventos fortes.
Por outro lado, não podemos deixar de falar e lembrar que o sistema de fiação aérea paulista segue ultrapassado e vulnerável, tanto que a cena dos fios emaranhados nas ruas é mais do que uma questão de poluição visual: é um reflexo de uma infraestrutura obsoleta que não acompanha as demandas de uma metrópole moderna. Diante disso, durante temporais, árvores caem sobre os cabos, provocando curtos-circuitos e deixando bairros inteiros sem eletricidade. O impacto vai além da falta de luz, já que os comércios perdem vendas, alimentos perecíveis são descartados, e eletrodomésticos queimam.
Leia também
A solução para esses problemas está em duas frentes: melhorar o mapeamento e a gestão arbórea da cidade e avançar no enterramento dos fios. Investir no mapeamento arbóreo de forma inteligente, utilizando tecnologias como drones e sensores, permite identificar árvores que precisam de poda ou substituição. Além disso, o plantio de espécies adequadas para o ambiente urbano pode reduzir os riscos associados à queda de árvores. Isso também evita situações em que as raízes afetam calçadas ou interferem na infraestrutura subterrânea.
O enterramento da fiação, por sua vez, é um passo essencial para modernizar a cidade. Embora seja um projeto de longo prazo e custoso, os benefícios são claros, como a eliminação do risco de cabos rompidos por queda de árvores, a segurança nas vias e a redução da poluição visual. Como vice-presidente da CPI da Fiação, discuti esse tema em profundidade e pude constatar que a desorganização dos fios em São Paulo representa não apenas um problema estético, mas também uma ameaça real à segurança da população. Países como Portugal e França já adotaram soluções semelhantes, demonstrando que é possível implementar um sistema mais eficiente e resiliente.
O Projeto de Lei 403/2023, que apresentei na Câmara Municipal, representa um importante passo para modernizar a infraestrutura urbana de São Paulo. Ele obriga a identificação dos cabos e equipamentos instalados nos postes e determina a remoção dos fios inutilizados. Mas o principal avanço está na exigência para que a Prefeitura apresente, em até seis meses, um plano detalhado para o enterramento da fiação elétrica e de telecomunicações na cidade. Essa proposta busca não apenas promover maior segurança e organização, mas também transformar o cenário urbano de São Paulo, alinhando-o a modelos mais modernos e eficientes de gestão de infraestrutura.
São Paulo não pode mais viver à mercê de sistemas inseguros e ineficientes. Os danos causados pela queda de árvores e pela fragilidade do sistema de fiação são evitáveis com planejamento e investimentos adequados. Cada paulistano tem um papel importante nesse processo, seja denunciando situações de risco, cobrando das autoridades ou apoiando iniciativas como o enterramento dos fios.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br