Enquanto Jair Bolsonaro repete acusações de fraude contra o sistema eleitoral brasileiro, sem apresentar provas, o relator da proposta que retoma a impressão do voto no Brasil (PEC 135/19), deputado Filipe Barros (PSL- PR), faz malabarismos no recesso parlamentar para alterar o texto e manter a discussão viva no Congresso. “O plano A, B, C… Z é construir um denominador comum”, diz o parlamentar, afirmando que nos próximos dias tentará colher, inclusive, sugestões de partidos da oposição para promover as alterações no relatório final a ser votado em comissão especial.
A aprovação do relatório na comissão é a etapa que precede a análise da matéria no plenário.
Sem consenso entre os deputados, o relatório atual foi posto em votação no último dia de atividades antes do recesso. Articulado com governistas, Barros garantiu a apresentação de um requerimento para tirar a PEC de pauta na tentativa de dar sobrevida à matéria. O requerimento foi derrotado, mas o presidente do colegiado, deputado Eduardo Martins (PSC-PR), decidiu encerrar a sessão sem a análise do texto. Semanas antes, líderes partidários de 11 siglas que são contra o voto impresso promoveram uma “dança das cadeiras” entre titulares e suplentes que ocupavam espaço na comissão, na qual retiraram aqueles que poderiam apoiar a proposta.
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Para Filipe Barros, porém, mais crítico do que a mobilização dos partidos é o que ele considera uma interferência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um assunto que define como “estritamente parlamentar e legislativo”. “Não é possível que uma pauta que é de interesse do parlamento encontre tantas barreiras. Então, essa tentativa de interferência no debate eu considero muito negativo.”
Declarações de Bolsonaro contra o sistema eleitoral acenderam alerta nas instituições brasileira, principalmente àquelas ligadas ao judiciário. Ameaças do presidente de que não teriam eleições se não houvesse voto impresso ou ataques diretos ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, a quem Bolsonaro chamou de “idiota” são encaradas como risco à democracia caso Bolsonaro amargue resultado negativo das urnas na campanha de 2022.
Recentes pesquisas de intenções de voto apontam para uma queda de popularidade do presidente, a exemplo do Datafolha divulgado na primeira quinzena de julho, na qual Jair Bolsonaro registra um percentual de rejeição de 55%, o maior desde o início do mandato.
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