Nunca foi tão fácil se reeleger prefeito. De cada dez candidatos que buscavam renovar o mandato na prefeitura, oito tiveram sucesso em 2024. Entre eles, os prefeitos de capitais populosas como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Neste domingo (27), 14 se reelegeram nas 51 cidades em disputa. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), outros 2.444 foram eleitos em primeiro turno. Com os números deste domingo, o número de reeleitos sobe para 2.458 (81%). O índice, que é recorde, supera o registrado em 2000, ainda na pandemia, quando 64% dos prefeitos que tentaram a reeleição venceram. Desde que a renovação do mandato se tornou possível, em 2020, o menor índice de reeleição foi alcançado em 2016, com 49%.
Considerando-se os dois turnos, 16 prefeitos se reelegeram.
No segundo turno, o partido que mais reelegeu prefeitos foi o MDB, com quatro candidaturas exitosas. O União Brasil e o PSD emplacaram três candidatos cada, o PP conseguiu reeleger dois e o PSDB e o Avante, um cada. Ao todo, cerca de 44% dos municípios optaram por manter os chefes do Executivo. Percentual superior ao recorde anterior, que era de 2008 (40%).
Para o cientista político Antonio Lavareda, diretor do Ipespe, parte desse aumento tem a ver com o poder de fogo que as bilionárias emendas orçamentárias dos parlamentares federais — frequentemente, saídas do Tesouro Nacional diretamente para os cofres municipais — deram aos prefeitos. Mas esse é apenas um dos fatores a observar, sublinha ele.
Para ele, a facilidade para se reeleger é um “fenômeno global”. “Em eleições normais, o incumbente tem uma série de vantagens. Começa a fazer campanha antes de todo mundo, em geral consegue reunir uma base de apoio partidário e social mais ampla, conta com assessoria mais qualificada, tem mais acesso a recursos. E o que houve em 2024 foi uma eleição normal”, observa.
PublicidadeUma “eleição normal”, segundo Lavareda, é aquela realizada em ambiente de relativa estabilidade política, econômica e social. “Nas eleições de 2016 e de 2018, por exemplo, você tinha Lava Jato, crise política profunda, crise institucional, crise econômica grave, estava aberto o espaço para escolhas relativamente imprevisíveis. Eram o que eu chamo de eleições críticas”, disse o cientista político ao Blog do Sylvio.
Veja a relação dos candidatos reeleitos no segundo turno:
- Belo Horizonte (MG) – Fuad Noman (PSD)
- Campina Grande (PB) – Bruno Cunha Lima (União)
- Campo Grande (MS) – Adriane Lopes (PP)
- Caxias do Sul – Adiló (PSDB)
- Franca (SP) – Alexandre Ferreira (MDB)
- João Pessoa (PB) – Cicero Lucena (PP)
- Manaus (AM) – David Almeida (Avante)
- Mauá (SP) – Marcelo Oliveira (PT)
- Ponta Grossa (PR) – Elizabeth Schmidt (União)
- Porto Alegre – Sebastião Melo (MDB)
- Santos (SP) – Rogerio Santos (Republicanos)
- São José dos Campos (SP) – Anderson (PSD)
- São Paulo – Ricardo Nunes (PSDB)
- Uberaba (MG) – Elisa Araujo (PSD)
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