Aline Araujo *
A Rede Favela Sustentável (RFS), coletivo formado por mais de 500 integrantes de favelas do Rio de Janeiro, vem se preparando e se mobilizando por meio de uma comitiva engajada em pautas coletivas e na produção cidadã de dados para levantar informações e buscar melhorias no acesso e na qualidade do serviço de fornecimento de energia nas periferias.
O grupo, que vem pesquisando e gerando soluções para energia nas favelas, publicou, em 2023, a pesquisa Eficiência Energética nas Favelas, que oferece uma visão inédita da injustiça energética presente em seus territórios. O relatório representa uma iniciativa de geração cidadã de dados em quase 1200 domicílios de 15 favelas do Grande Rio. Juntas, essas comunidades representadas pela delegação contam com mais de 1,2 milhão de habitantes.
A comitiva da Rede Favela Sustentável focará em três pautas durante a Semana Mundial da Energia em Brasília. São elas:
- 1. A renovação das concessões de energia elétrica (levantamento de questões sobre o acesso e a qualidade da energia que chega às favelas e a relação com as condições da renovação das concessões;
- 2. Tarifa social (como a energia elétrica tem adquirido nova centralidade nas favelas e as dificuldades geradas pela falta efetiva do acesso a uma tarifa de fato acessível);
- 3. Energia solar social (adoção e o acesso à energia solar nas favelas como solução, inclusive para as questões levantadas nos outros itens, proporcionando autonomia e sustentabilidade às comunidades e a contribuição para a sociedade como um todo).
Além da apresentação de dados e depoimentos sobre dificuldades de acesso e qualidade da energia elétrica em suas comunidades, a delegação conta com quatro lideranças gerando soluções para os desafios mencionados. Luis Cassiano do Teto Verde Favela que apresenta a experiência do teto verde no Parque Arará, Zona Norte do Rio, onde a temperatura abaixo do seu teto, no verão, diverge (vários graus a menos) dos seus vizinhos. Otávio Barros da Cooperativa Vale Encantado compartilha a história do biossistema responsável pelo tratamento do esgoto da comunidade Vale Encantado e do biodigestor que gera gás para a cozinha da cooperativa, além dos seus painéis solares. Nill Santos conta a história de sua Associação de Mulheres de Atitude e Compromisso Social, que achou na energia solar uma forma de geração de renda e independência. E Dinei Medina que instiga, a partir de sua experiência na primeira cooperativa de energia solar em favelas do Brasil – a Revolusolar, uma compreensão do enorme potencial que a geração distribuída, realizada nas favelas, pode acarretar para toda a sociedade.
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A agenda contempla uma reunião pública, dia 27 de maio, na Câmara dos Deputados, que oferece um mergulho profundo sobre os dados da pesquisa, junto de depoimentos com as histórias de moradores impactados por esta pauta e soluções desenvolvidas pelos próprios territórios. Já no dia 29 de maio, a delegação participa da audiência pública “Transição Energética Justa: Papel Social da Energia Solar” no Dia Mundial da Energia, também na na Câmara dos Deputados. Há na agenda outras reuniões particulares com autoridades na Aneel, Ministério de Minas e Energia, Ministério das Cidades e Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso.
Publicidade* É jornalista da Comunidades Catalisadoras, integrante da Rede Favela Sustentável.
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