Luiz Inácio Lula da Silva é o candidato à Presidência da República com a maior quantidade de votos desde a redemocratização do país. Nunca um presidente que disputou a reeleição chegou ao segundo turno em segundo lugar. Por outro lado, nunca foi tão curta a distância de quem saiu à frente no primeiro turno com relação ao seu oponente. E nunca o eleitor desprezou tanto as demais alternativas postas no cenário político. São resultados impressionantes que agora vão precisar ser deglutidos.
As escolhas em Lula e Bolsonaro somaram impressionantes 91,63% dos votos válidos. Ou seja, praticamente todo brasileiro que saiu de casa no domingo para votar ou escolheu o candidato do PT ou escolheu o atual presidente. Houve pouquíssima margem de escolha para qualquer outra opção. O que torna extremamente complicada qualquer movimentação agora.
Veja aqui o comentário em vídeo:
Com relação ao que vinham apontando as pesquisas, Lula teve mais ou menos aquilo que os institutos apontavam. Sua votação de 48,43% é muito próxima do que as pesquisas apontavam, já que nenhuma delas cravou que não haveria segundo turno. Na margem de erro de todos os institutos, ficou Lula.
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O que surpreendeu foi a votação de Bolsonaro. Bem acima do que vinha sendo projetado. No Datafolha, por exemplo, o atual presidente aparecia com 36%. Teve 43,20%. Bolsonaro teve 7,2 pontos percentuais a mais na sua votação do que aquilo que apontava o instituto.
PublicidadeAntes de tentar demonizar as pesquisas, é preciso tentar entender o que pode ter acontecido. A pesquisa dava a Simone Tebet, do MDB, 6% das intenção de voto. Ela teve 4,16%. E dava a Ciro Gomes, do PDT, 5%. Ele teve 3.04%. Dava a Soraya Thronicke, do União Brasil, 1%. Ela teve 0,51%. Somados, pelo Datafolha, eles teriam 12% dos votos. Na verdade, tiveram 7,71%. Eis aí uma boa hipótese para entender os votos a mais que Bolsonaro teve com relação à pesquisa.
Ou seja, a despeito da campanha do “vira voto” de Lula, se voto últil houve, ele parece ter ido mais para Bolsonaro, não para Lula. O forte antipetismo, e não um sentimento ideológico mais forte, foi o que pode ter prevalecido na virada dos números. É preciso compreender como de fato se move a cabeça do eleitor.
Agora, é claro que os institutos também erraram. Até por não terem talvez conseguido captar esses movimentos. Erraram principalmente nas eleições para governador e para o Senado. Que podem ter variado também a partir do mesmo raciocínio. No Nordeste, petistas como Elmano de Freitas, no Ceará, Jerônimo Rodrigues, na Bahia, e Rafael Fonteles no Piauí avançaram na onda de Lula. Fora do estado onde Lula reina, avançaram bolsonaristas como Tarcisio de Freitas em São Paulo e senadores eleitos como Marcos Pontes, também em São Paulo, que defenestrou o até então favorito Márcio França, do PSB.
A verdade é que resta muito pouco de cidadãos que, a essa altura, não fizeram a sua opção nos dois nomes que desde o início sempre rivalizaram nessa disputa. Talvez uma chave esteja nos mais de 20% que não compareceram às urnas. Mas será possível agora convencê-los? Ou já eram eles reflexos de um certo desencanto com essa situação onde ou se é lulista é bolsonarista? Ou antilulista?
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