O papel do Estado mudou desde o final do século 20. Foram desencadeadas ondas de desestatizações. Convicções ideológicas, busca de investimentos, ganhos de eficiência embasam as privatizações.
Em outros casos, a privatização é impulsionada por necessidade fiscal. Para geração de receitas derivadas da venda dos ativos públicos ou alívio do fluxo do Tesouro que tem que subsidiar empresas. Nestes casos, a questão central é a destinação dos recursos. É essencial que os frutos da privatização sejam usados para a reestruturação patrimonial dos governos, sendo utilizados para gerar soluções de longo prazo ligadas à dívida pública ou ao sistema previdenciário. É um crime vender patrimônio para financiar gastança de curto prazo. Como ensina a metáfora dos economistas, seria como “vender geladeira e fogão para comprar comida”.
Nem tudo que é público é estatal, como nos mostram as entidades filantrópicas. E nem tudo que é estatal é público, como nos ensinam os casos de apropriação privada do espaço público através do patrimonialismo, da ineficiência e da corrupção. Vivi experiência pessoal na venda dos bancos estaduais de Minas Gerais. O Credireal, nos idos de 1996, custava ao Tesouro Estadual, a título de capitalização necessária para o banco ficar de pé, 150 milhões de reais por ano, a preços da época. Ou seja, tirávamos quase 1,2 bilhão de reais em valores atuais por ano da saúde e da educação para manter aberto um banco comercial deficitário. Quem seria contra uma privatização dessas?
Leia também
Como fica claro, não alimento idiossincrasias contra privatizações ou empresas estatais. O atual governo federal optou por recuar no enxugamento do Estado, retirando empresas como Correios, Empresa Brasil de Comunicação, Telebrás, Conab e Ceitec (chips) do Programa Nacional de Desestatização (PND) e do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Por outro lado, governos estaduais avançam seus programas de desestatização. O governo do Rio Grande do Sul privatizou as três companhias do setor elétrico (geração, transmissão e distribuição), a Sulgás e a empresa de saneamento, Corsan. O governo do Paraná vendeu sua companhia elétrica, a Copel. Já em São Paulo, a intenção do governo é privatizar o Metrô, a CPTM (trens metropolitanos) e a Sabesp. Em etapa bem mais embrionária, o governo de Minas estuda a privatização da Cemig, da Copasa e da Codemig.
Independente de juízo político-ideológico, a opção por privatizar deve responder a três desafios: a modelagem, a precificação e a regulação posterior. A modelagem é trabalhosa. Às vezes é preciso fatiar para aumentar a competição e valorizar o ativo. A venda do controle também agrega valor. Não julgo que a simples diluição de participação no mercado acionário seja o melhor caminho, como foi feito com a BR Distribuidora e a Eletrobras. Também, não vejo sentido em vender ativos ligados aos minérios do futuro como Lítio e Nióbio, caso de Minas. A escolha adequada do modelo e do momento pode representar ganhos financeiros maiores para a sociedade e maior eficiência futura.
Por último, para os serviços que continuam públicos (saneamento, energia, transporte, telefonia, etc.) com operação delegada à iniciativa privada é preciso fortalecer, e muito, as agências regulatórias.
Resumindo, em tudo isso, aprendamos com Sérgio Mota e sua equipe.
Wow, fantastic blog layout! How long have you been blogging for? you make blogging look easy. The overall look of your web site is fantastic, let alone the content!
Querido amigo Pestana, como sempre leio os seus primorosos artigo, mas nesse, permita-me divertir da sua opinião sobre a modelagem da ELETROBRAS e da BR Distribuidora (hoje Vibra).
Tenho acompanhado a evolução das Corporações mencionadas:
No caso da BR Distribuidora, a Petrobras conseguiu vender o que lhe sobrou de ações por um preço fantástico, mais de R$26,00 por ação e a VIBRA esta se consolidando inclusive na linha da transição energética, investindo em combustíveis de última geração e através da COMERC, Empresa adquirida após a saída completa da Petrobras do seu grupo de acionistas, em geração de energia elétrica.
Quanto à ELETROBRAS, à semelhança da ENEL Italiana e da EDP portuguesa, está caminhando para ser uma gigante da energia no mundo. Os investimentos da Eletrobras, que eram da ordem de R$ 3 a 4 bilhões por ano passarão a ser de cerca de R$ 12 bilhões anuais .
Não podemos esquecer que ambas as empresas estavam quebradas, quando do início do Governo do Presidente Temer.
O estado empresário, em uma sociedade com tantas carência como a nossa, não faz bem às pessoas e nisso nós concordamos.