O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, foi expulso da 16ª Assembleia Geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e o Caribe (Filac). Aos gritos, um ex-servidor da Funai acusou Xavier de ser miliciano e o responsável pelas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
Confira o vídeo:
“Esse homem não pertence aqui”, gritou Ricardo Rao, exonerado da Funai em 2020. O ex-servidor vive na Europa em um autoexílio após sofrer uma série de ameaças durante o seu trabalho de fiscalização na fundação. “Esse homem é um assassino, esse homem é um miliciano”, completou.
“Ele é responsável pela morte de Bruno (Pereira) e Dom Phillips. Você é um miliciano, bandido”, destacou Rao. O indigenista e o jornalista foram assassinados no dia 5 de junho, no Vale do Javari (AM).
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Após a morte dos dois, servidores da Funai anunciaram uma greve e pediram a saída imediata de Marcelo Xavier. Segundo nota divulgada pela Indigenistas Associados (INA), o presidente “vem promovendo uma gestão anti-indigenista na instituição”.
PublicidadeJuntamente com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a INA divulgou um dossiê de mais de 200 páginas sobre como a fundação está alinhada em atender os interesses dos ruralistas em detrimento dos direitos indígenas.
Xavier é apontado pelo dossiê como o principal executor da política anti-indigenista na Funai. Com sua posse em 2019, a fundação passou a implementar uma política interna de “perseguição e constrangimento” aos servidores concursados, impondo obstáculos para impedir a atuação pró-indígena.
O Congresso em Foco entrou em contato com a Funai sobre o caso. O posicionamento foi incluído no final da matéria.
Mais protestos
A entidade Survival International está organizando um protesto para esta quinta-feira (21) às 19h (14h no horário de Brasília) na Praça da Província, no centro de Madri. “Venha hoje para a concentração contra o genocídio de povoco indígenas no Brasil, aproveitando a visita do presidente antindigenista da Funai, Marcelo Xavier Augusto da Silva à capital”, convidou a entidade.
✊🏾🏹 PROTESTA -“¡Basta de extractivismo y #genocidio!”
¿Estás en Madrid? Ven HOY a la concentración contra el #genocidio de #PueblosIndígenas en Brasil, aprovechando la visita del Presidente antiindígena de FUNAI, Marcelo Xavier Augusto da Silva a la capital.
👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾 pic.twitter.com/5xmrIqbNyn
— Survival International – en español (@survivalesp) July 21, 2022
Atualização 16h40
Em nota, a Funai repudiu os ataques verbais, afirmando que “tais atitudes são irresponsáveis, violentas e antidemocráticas, inviabilizando, assim, qualquer tipo de diálogo sadio e producente, que deve ser sempre pautado no respeito entre as partes”.
Segundo a fundação, Marcelo Xavier “optou por sair voluntariamente do local do evento” e os ataques serão o objeto de ação judicial por “crime contra a honra e ação de indenização por danos morais”.
Confira a íntegra da nota da Funai:
“A Fundação Nacional do Índio (Funai) vem a público manifestar repúdio aos ataques verbais proferidos contra o presidente da fundação, Marcelo Xavier, nesta quinta-feira (21), em Madri, na Espanha, durante a XVI Assembleia Geral Extraordinária do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (Filac).
A Funai lamenta o ocorrido e destaca que tais atitudes são irresponsáveis, violentas e antidemocráticas, inviabilizando, assim, qualquer tipo de diálogo sadio e producente, que deve ser sempre pautado no respeito entre as partes. A fundação entende que não se constroem políticas públicas na base de ofensas e argumentos destituídos de fundamento e provas. Tais atitudes não são compatíveis com o Estado Democrático de Direito.
A fundação informa ainda que, sobre o caso, foram tomadas providências junto à Polícia Judiciária da Espanha. É importante ressaltar que, por motivos de segurança, o presidente da Funai optou por sair voluntariamente do local do evento, dada a atitude hostil e agressiva do manifestante. Inclusive, os lamentáveis ataques serão objeto de ação judicial por crime contra a honra e ação de indenização por danos morais.
O manifestante que proferiu de forma agressiva os ataques verbais foi funcionário da Funai até o ano de 2020, tendo sido exonerado na ocasião por não ter cumprido as condições de estágio probatório. Por fim, a fundação reforça que, enquanto instituição pública, calcada na supremacia do interesse público, não coaduna com nenhum tipo de conduta ofensiva, repudia qualquer forma de desrespeito e segue aberta ao diálogo com os diferentes setores da sociedade.”
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