A Confederação das Santas Casas de Misericórdia divulgou nesta quarta-feira (24) um levantamento realizado em parceria com outras quatro entidades da saúde privada, com a premissa de avaliar o impacto financeiro do piso salarial da enfermagem aprovado pelo Congresso Nacional no setor. A consulta, que premedita um cenário catastrófico nos atendimentos, foi apontada como desonesta pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que enxerga a pesquisa como uma estratégia de lobby para atender um interesse financeiro das redes hospitalares.
A pesquisa foi realizada em cima da consulta a 2511 unidades médicas, incluindo hospitais privados, hospitais filantrópicos, santas casas, clínicas especializadas e serviços de diagnósticos. Do total, 65% são organizações com fins lucrativos. De acordo com a Confederação das Santas Casas, a forma como o piso da enfermagem foi aprovado pode resultar na perda de 83 mil postos de emprego e o fechamento de 20 mil leitos.
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A publicação foi vista com repulsa pela categoria. “Essa tese não se sustenta em relação ao setor privado. Não tem sustentação a tese de que o setor privado com fins lucrativos não tem condições de pagar o piso, esse segmento foi justamente o que mais lucrou na pandemia. Um levantamento da Forbes chegou a mostrar que os hospitais privados faturaram acima de 20% em relação aos anos anteriores”, explicou Daniel Menezes, conselheiro e porta-voz do Cofen.
Já no lado filantrópico, a pressão pela rejeição do piso da enfermagem foi uma constante ao longo de toda a tramitação, com o setor afirmando não ter condições de arcar com o piso. “A gente compreende que essas instituições enfrentam uma situação financeira mais complicada, mas essa situação financeira já vem de muito tempo. Sou profissional de enfermagem há 19 anos, e há 19 anos eu ouço que as santas casas precisam melhorar seu financiamento ou vão fechar”, conta o conselheiro.
De acordo com Menezes, a campanha da saúde privada para desacreditar o piso salarial da enfermagem é um desrespeito com esses profissionais. “É muito cruel e muito injusto creditar a enfermagem uma possível repercussão negativa no serviço de saúde. Inclusive, são os profissionais que fazem esse serviço acontecer, que ajudam a dar lucro nas empresas privadas e fazem os serviços filantrópicos funcionarem”, declarou.
O porta-voz do Cofen aponta para o fato da pesquisa ter sido feita com base em consultas aos hospitais interessados e não em uma base de dados estatísticos e com análise de economistas. Na sua avaliação, trata-se de uma tentativa das entidades de criar oposição ao piso na opinião pública, uma vez que já sofreram uma derrota no poder legislativo.
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