Gustavo Fruet*
A eleição do próximo domingo vai definir quem cuidará do destino do Brasil num período de desafios diferenciados em relação aos enfrentados pelos últimos governos. Vai às urnas um país que conquistou a estabilidade econômica, está em crescimento e incorporou os investimentos sociais como ponto inegociável de sua agenda político-institucional.
Não se trata de debater quem fez mais ou vai manter as políticas bem-sucedidas. São conquistas da sociedade brasileira – não deste ou daquele governante – que serão preservadas, independentemente de quem for o eleito.
Porém há outros, e graves, desafios a enfrentar. O próximo presidente deverá liderar reformas que deixaram de ser feitas nos últimos sete anos e que são cruciais para o futuro do Brasil – como a reforma política, a tributária e a previdenciária. Terá que conduzir um processo de recuperação e ampliação da infraestrutura do país, sem o qual o crescimento econômico esbarrará nos conhecidos gargalos. Precisará enfrentar e resolver os graves problemas existentes nas áreas de saúde e segurança, e investir fortemente na educação. Será confrontado com temas delicados da economia – como a dívida pública e o déficit externo – que têm sido mascarados pelo ufanismo oficial.
São temas que exigirão preparo e grande capacidade de diálogo com o Congresso – sem a lógica do mensalão – e com setores organizados de uma sociedade cada vez mais articulada para apresentar demandas e cobrar seu atendimento. A trajetória de José Serra na vida pública é reconhecida e o credencia para conduzir esse processo. Ele é um gestor experiente e de grande sensibilidade política, à altura da magnitude da tarefa que espera o próximo presidente.
Mais do que isso, Serra representa uma proposta de resgate e fortalecimento das instituições, abaladas nos últimos anos por uma postura licenciosa que transformou o Estado num balcão de negócios particulares, favoreceu o compadrio e o fisiologismo e desrespeitou as normas mais elementares do decoro e da convivência democrática. Banalizou-se a corrupção e o pragmatismo.
A candidatura de José Serra está alicerçada numa visão de Estado rigoroso no uso de recursos públicos, não aparelhado por partidos e sindicatos aliados e fiel a valores como a honradez, a tolerância, a transparência e o amor à democracia. Respeito ao contraditório. Às instituições. Á organização da sociedade. Ao funcionamento das agências. À desprivatização do crédito público. É necessário equilíbrio na relação das forças políticas no País, sob risco de possível hegemonia do governo e quase extinção da oposição.
Estão em disputa dois projetos marcados por diferenças claras, que cada eleitor deve avaliar criteriosamente antes de decidir.
Por fim, uma observação sobre a força do voto. Eleições não são decididas por pesquisas, mas pela vontade livre do eleitor, que os institutos não têm retratado, por deficiências metodológicas ou outros fatores. Na última semana, as pesquisas de opinião divulgadas sobre o segundo turno para presidente apresentaram oscilações de 15 pontos, o que representa algo em torno de 30 milhões de eleitores. Na eleição para o Senado no Paraná, que disputei, pesquisas divulgadas a poucos dias das eleições, por diferentes institutos, praticamente decretaram a “morte” da minha candidatura.
A última pesquisa Datafolha indicava que eu estava 23 pontos atrás dos dois primeiros colocados, “empatados”, e com tendência de queda. O Vox Populi apontava uma diferença de 31 pontos em relação ao candidato que ficou em segundo e o Ibope, divulgado na véspera da eleição em rede estadual pela Rede Globo, apontava vantagem de 20 pontos para o segundo colocado. O resultado indicou diferença de 1,74 ponto! Mais de 10 vezes inferior à que o Ibope havia projetado, até agora sem explicação.
Está na hora de os meios de comunicação duvidarem de muitos institutos de pesquisa e denunciarem os falsários e oráculos. A informação incorreta ou manipulada é um crime contra a democracia. Fatos como este ficam como alerta e estímulo para que o eleitor não despreze a força do seu voto, que decide e pode vencer.
*Deputado federal pelo PSDB-PR e líder da Minoria na Câmara
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