Em entrevista à jornalista Joana Cunha, da Folha de S. Paulo, o co-fundador do Novo e ex-candidato à presidência da República, João Amoêdo, declarou que pretende votar no ex-presidente Lula (PT) no segundo turno das eleições. Apesar de ainda fazer críticas tanto ao candidato quanto ao seu partido, Amoêdo afirma temer pela continuidade do regime democrático em um eventual segundo turno de Jair Bolsonaro (PL), e que seu voto será uma “redução de danos”. O partido, porém, não viu seu posicionamento com bons olhos.
Amoêdo foi um dos idealizadores do Novo, fundado por setores críticos à gestão de Dilma Rousseff, em especial em suas políticas econômicas e aos escândalos de corrupção revelados ao longo de seu governo. Em 2018, declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno por entender que a candidatura de Fernando Haddad (PT) seria uma retomada do projeto descontinuado com o impeachment, em 2016.
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Sem compaixão com o próximo
A partir de 2020, porém, Amoêdo e diversos outros quadros do Novo assumiram postura crítica a Bolsonaro, chegando a defender seu impeachment diante de sua gestão da pandemia. Na entrevista, Amoêdo afirmou que o presidente “confirmou ser não apenas um péssimo gestor, (…) mas também uma pessoa sem compaixão com o próximo”, e que “é um governante autocrático que se coloca acima das instituições”.
A decisão de votar em Lula, ele considera como não sendo um cenário ideal, mas uma garantia para ter “o direito a ser oposição, com eleições regulares, reeleição limitada, instituições minimamente independentes, imprensa livre e segurança para expor minhas ideias”. Apesar de considerar um voto difícil, Amoêdo diz que tentará lembrar dos discursos onde Bolsonaro debochou de vítimas da covid-19.
Sua declaração de voto, porém, não é consenso entre membros do Novo. O candidato do partido à presidência em 2022, Felipe D’Ávila, logo se pronunciou nas redes sociais. Em nota, afirmou que “A declaração de voto de Amoêdo ao Lula é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo que tantos males criou ao Brasil. Amoêdo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais”. O ex-candidato anunciou, no dia 2, que votará nulo no segundo turno.
A executiva nacional do Novo também criticou a declaração de seu co-fundador. Em suas páginas oficiais nas redes sociais, o partido emitiu o seguinte comunicado:
Publicidade“É absolutamente incoerente e lamentável a declaração de voto de João Amoêdo em Lula, que sempre apoiou e financiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história.
Seu posicionamento não representa o Partido Novo e vai contra tudo o que sempre defendemos.
A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020.
Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro.
O NOVO sempre foi e sempre será oposição ao lulopetismo e tudo que ele representa”.
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