Adversários em 2022, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula se enfrentaram no mesmo horário nas redes sociais na noite dessa quinta-feira (2). Nessa disputa, o petista ganhou de lavada. O podcast “Podpah”, com a participação dele, teve até o momento 36 vezes mais visualizações que a tradicional live de Bolsonaro. Até o início desta sexta-feira (3), o podcast somava 3,2 milhões de visualizações no YouTube. Já a live do presidente, 89 mil, na mesma plataforma.
Em sua transmissão, Bolsonaro se irritou com o comentário do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro de que ele havia comemorado quando o Lula foi solto, por entender que a soltura do petista lhe favorecia politicamente.
“Um assunto que eu não queria tocar aqui porque mexe com ex-ministros. Mas esse cara está mentindo descaradamente. É um cara que quer ser candidato, é um direito dele, aí em vez de demonstrar o que ele fez, ele fica só apontando o dedo para os outros e mentindo. É o caso do Sérgio Moro. A última notícia dele é que ‘Bolsonaro comemorou quando Lula foi solto, diz Moro. E o vídeo ele fala ‘ouvi dizer’. É um papel de palhaço, um cara sem caráter”, disse o presidente.
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Já Lula criticou a criação do programa Auxílio Brasil, aprovado pelo Senado nessa quinta, no lugar do extinto Bolsa Família. O petista classificou a implementação do auxílio uma jogada publicitária de Jair Bolsonaro e defendeu que fosse mantido o Bolsa Família, instituído durante seu governo e mantido nas gestões seguintes.
“Bolsonaro criou uma bobagem de um Auxílio Brasil que é uma coisa eleitoral, que ele acha que vai ganhar as eleições. Ele acha que o povo brasileiro é bobo, que vai votar porque ele criou um auxílio”, declarou Lula. Para ele, o programa tem como principal objetivo se apropriar de um programa até então sem dono. “O Bolsa Família não era um programa do Lula, era um programa do Estado brasileiro”, disse.
Segundo ele, a decisão de Bolsonaro pode prejudicar a imagem do Brasil internacionalmente. “O Bolsa Família foi eleito por diversas vezes o melhor programa de transferência de renda do mundo. A Organização das Nações Unidas cansou de indicar o Bolsa Família como modelo de transferência de renda”, destacou.
PublicidadeLula afirmou que não veria problema em eventuais mudanças dentro do próprio programa, desde que ele não fosse eliminado. “Era um programa excepcional. Bolsonaro não precisaria ter acabado com isso, ele poderia ter aperfeiçoado. A razão dele ter feito isso é porque ele dizia que era um programa do Lula, então precisava ter o programa do Bolsonaro. (…) Esse programa tinha 18 anos, não 18 dias”.
A mudança do programa para fins eleitorais não é vista por Lula como um problema exclusivo de Bolsonaro, mas de toda a classe política ao lidar com questões de interesse de classes menos favorecidas. “Pobre muitas vezes neste país é tratado como papel higiênico. Usou, jogou fora, acabou. Acabou as eleições, acabou o interesse pelo pobre. O pobre não é visto como pessoa, mas como número”.
De acordo com Lula, também há outra questão identificada na forma como chefes de governo brasileiros tendem a se portar diante de projetos da gestão anterior. “Há uma cultura política no Brasil. Quando uma pessoa vence uma eleição no Brasil, ela tenta esquecer tudo que o outro estava fazendo porque ele quer construir a sua marca. Na política é assim, tentam acabar a política de um para criar outra coisa”, explicou o ex-presidente.
O podcast Podpah tem 4,32 milhões de inscritos no YouTube, enquanto Bolsonaro 3,5 milhões.
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