Vinicius era o “poetinha”. A tudo aquilo que mais amava designava no diminutivo. Não para diminuir. Mas para acarinhar. Para poder abraçar. Poder botar no colo.
Vilipendiada. Violada. Corrompida e agredida por esses marginais criminosos que tão erradamente se autointitulam “patriotas”, a minha pátria hoje precisa de colo. Hoje precisa de carinho. Hoje precisa ser tomada nos braços e chamada no ouvido de “patriazinha”. Com todo carinho. Com toda tolerância.
A minha pátria não é clava forte. Minha pátria não é gigante, nem adormecido, muito menos desperto. Como a patriazinha de Vinicius, lembra mais uma criança dormindo. A quem a gente vai dar um beijo no berço. E, cuidadoso, verificar se nossa patriazinha respira. A nossa patriazinha respira!
Menos mãe gentil, nossa pátria hoje é, como dizia Vinicius, uma filha. Uma filha que precisa de carinho e cuidado, violentada que foi.
Nos chãos dos palácios – símbolos máximos da pátria agredida por criminosos brutamontes – estavam jogados os seus lábaros e florões. Que tolos são os brutamontes nada patriotas! Vinicius já nos dizia: “A minha pátria não é florão, não ostenta lábaro, não”.
Minha patriazinha, como dizia o poetinha, é mais “praia branca”. “É o grande rio secular, que bebe nuvem, come terra e urina mar”.
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“Fonte de mel, bicho triste, pátria minha. Amada, idolatrada, salve, salve!”. É preciso entendê-la assim: diversa, afetuosa. como o grande Cristo de braços abertos a abençoar a sua patriazinha a partir da montanha da sua cidade mais famosa. Nem auriverde, já lembrava o poeta, nossa patriazinha é. Ela é “sem sapatos e sem meias”. Tão pobrezinha! Minha patriazinha!
“Vontade de beijar os olhos de minha pátria! De niná-la. De passar-lhe a mão pelos cabelos…” Minha patriazinha, tão carente de quem realmente lhe ama e lhe compreende.
Agora, com a licença de Vinicius, vou atrás dos seus antigos amigos. Vou atrás da “amiga cotovia”. Para que peça ao “rouxinol do dia”, que peça ao sabiá, “para levar-te presto este avigrama”. Descansa em paz, minha patriazinha, depois desse que foi um dos seus domingos mais tristes. Descansa nos braços verdadeiros dos que verdadeiramente te amam…
Com a licença de Vinicius, humildemente,
Rudolfo Lago
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